O paleontólogo Octávio Mateus disse hoje (5) ter confirmado cientificamente a descoberta de um novo gênero e nova espécie de tartaruga, encontrada em 2005 ao integrar uma expedição de cientistas de vários países a Angola.
Denominada Angolachelys mbaxi, ou seja, tartagura de Angola, “a tartaruga representa um novo gênero e uma nova espécie para a ciência”, disse, em declarações à Lusa, Octávio Mateus, paleontólogo do Museu da Lourinhã e investigador da Universidade Nova de Lisboa.
Segundo o paleontólogo, pelas suas características anatômicas é possível concluir que a tartaruga pertence a um novo grupo até agora desconhecido para a ciência.
“Há as tartarugas que encolhem o pescoço para dentro da carapaça (criptodira) e as que encolhem para o lado. Esta recolhe o pescoço para o interior da carapaça e é a mais antiga em África a pertencer a este grupo”, explicou o paleontólogo.
Sendo a mais antiga tartaruga criptodira do continente africano com 90 milhões de anos (Cretáceo Superior), caracteriza-se por ser “uma grande tartaruga marinha de mais de um metro de comprimento e com um crânio de 20 centímetros”.
“É um dos primeiros répteis marinhos que cruzam o Atlântico de Norte para Sul”, sublinhou o paleontólogo, comprovando assim que há 90 milhões de anos os continentes americano e africano já estavam separados pelo oceano.
Além disso, o que a diferencia em relação às outras tartarugas são as “narinas separadas”.
Em 2005, o paleontólogo, que participou numa expedição com paleontólogos e geólogos norte-americanos, angolanos, holandeses e o português Miguel Telles Antunes, descobriu o crânio, fragmentos da carapaça, vértebras e garras do animal.
Após trabalhos laboratoriais e estudos de anatomia e relações de parentesco, Octávio Mateus viu agora a sua descoberta ser reconhecida pela comunidade científica, com a publicação do artigo “A mais antiga tartaruga criptodira de África do Cretácico de Angola” numa revista da especialidade.
Fonte: Público