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Portugal desenvolve iniciativas para formar santuários de aves marinhas

10 de junho de 2010
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Pequena ave marinha protegendo seu ovo (Foto: Por Reprodução)

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) está desenvolvendo diversas iniciativas de proteção da avifauna dos Açores, que pretendem tornar a ilha do Corvo e o ilhéu de Vila Franca em santuários de aves marinhas.

Segundo explica Iván Ramírez, da SPEA, “no passado, as ilhas e ilhéus dos Açores eram ocupados por milhões de aves marinhas, no entanto, estas colônias decresceram muitíssimo devido à introdução de espécies predadoras e de plantas invasoras.

Atualmente, com exceção do cagarro, as populações de aves marinhas estão confinadas a pequenos ilhéus e a algumas falésias remotas e inacessíveis”. Por isso, “este projeto pretende avaliar e planejar a possibilidade de ações de controle e erradicação de plantas exóticas invasoras e predadores introduzidos”.

Iván Ramirez explica que, “para desenvolver este projeto, foi escolhida a ilha do Corvo, pela sua localização geográfica e disponibilidade de habitat, que tornam esta ilha um local privilegiado para milhares de aves marinhas que ali nidificam todos os anos. O ilhéu de Vila Franca do Campo foi também incluído neste projeto, pois permite testar algumas das medidas de controle de plantas invasoras e de incentivo à nidificação destas aves”.

Ainda segundo o especialista, “a legislação açoriana, nacional e europeia protege todas as espécies de aves selvagens, sobretudo na sua época de nidificação, pois as aves marinhas constituem um dos grupos mais ameaçados do mundo, e Portugal, mais concretamente os Açores, representa um autêntico paraíso para as aves marinhas”. Pelo que “o apoio da população residente e visitante é vital para o êxito desse tipo de projeto.

É necessário sermos conscientes da importância dos ecossistemas naturais, não afetados pelas espécies de plantas e animais introduzidas de forma voluntária ou involuntária pelo homem. O restauro destes ecossistemas vai trazer um claro beneficio não só às populações de aves, mas também às próprias pessoas. Ao aumentar os valores naturais poderão melhorar não só a qualidade ambiental, mas também as oportunidades de negócio e investimento em biodiversidade, através do turismo ornitológico (o corvo é já um dos locais mais procurados pelos birdwatchers internacionais devido à presença de espécies de aves americanas). A gestão adequada do lixo doméstico, a reciclagem, a esterilização dos gatos domésticos, ou simplesmente a participação como voluntários nas propostas da SPEA são algumas das atividades que podem ser aplicadas pela população açoriana, com claro benefício para as aves marinhas. Iván Ramírez afirma ainda que “proteger as aves é proteger as pessoas”.

Promover uma ilha livre de ratos e ratazanas, com uma população de gatos domésticos controlada, com uma gestão adequada do lixo doméstico e promovendo a reciclagem de resíduos significa trazer um ambiente mais saudável para os habitantes destas ilhas. E se o ambiente é mais saudável e a biodiversidades cresce, crescerão também as oportunidades de negócio das pessoas e com estas a sua qualidade de vida”.

Açores no Livro Vermelho dos Vertebrados

Segundo explica Iván Ramírez, “a inclusão de espécies de aves no livro vermelho dos Açores é o resultado de vários problemas, ligados não só a uma ameaça em concreto, mas à acumulação de várias (como por exemplo a destruição do habitat, a perturbação, a presença de mamíferos introduzidos etc.)”. “É necessário um esforço contínuo e significativo para parar esta tendência. Um esforço contínuo significa a implementação de projetos e medidas de conservação de forma constante durante décadas”.

Fonte: Expresso das Nove

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