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ITÁLIA

Porquinhos resgatados de matadouro são mortos por policiais em santuário sob o pretexto de combate à pesta suína

12 de outubro de 2023
Redação ANDA
6 min. de leitura
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Foto: Saverio Nichetti e Martina Miccichè

Na semana passada, no santuário animal Cuori Liberi, localizado em Pavia, Itália, uma operação policial chocante deixou ativistas em defesa dos direitos animais em estado de choque. Nove viaturas da polícia de choque pararam no santuário com a missão de matar nove porcos resgatados, sob a alegação de que esses animais estavam em uma área afetada pela Peste Suína Africana (PSA).

Os vídeos da operação mostram a polícia arrastando ativistas que se mobilizaram para proteger os porcos. O santuário e seus apoiadores alegam que os veterinários locais, agindo em nome das autoridades, foram responsáveis por executar os animais. Essa ação foi rotulada pelos ativistas como um “massacre” e ocorreu longe dos olhos do pessoal do santuário.

Essas mortes, ordenadas pelas autoridades italianas, fazem parte de uma política governamental destinada a conter a propagação da PSA, que é uma doença ameaçadora para a indústria suinícola. Este ano, já foram sacrificados 34.000 porcos em 12 fazendas na região da Lombardia, onde Pavia está localizada.

O santuário afirmou que já havia perdido 38 porcos para a PSA nas três semanas anteriores. Dos nove que restaram, alguns já tinham contraído o vírus, mas seus sintomas estavam melhorando, enquanto outros estavam saudáveis. Vale ressaltar que a PSA não é transmissível para humanos. A ativista Valentina Verri, do grupo de proteção animal Vitadacani, afirma que as autoridades usaram a suposta ameaça à saúde pública como justificativa para a matança.

O santuário e seus apoiadores buscaram alternativas junto às autoridades locais. Eles propuseram usar o santuário como um campo de estudo para entender melhor a PSA, experimentando diferentes medicamentos e tratamentos. Isso poderia proporcionar insights valiosos sobre como lidar com surtos da doença. No entanto, essas propostas foram ignoradas pelas autoridades.

Além disso, os investigadores identificaram sérias lacunas no conhecimento sobre a transmissão e gestão da biossegurança em relação à PSA. Isso lança dúvidas sobre a eficácia das medidas adotadas pelas autoridades.

O santuário também tentou garantir que os porcos fossem mortos de forma humanitária, evitando métodos cruéis como o gaseamento ou fuzilamento. No entanto, as autoridades se recusaram a fornecer garantias nesse sentido.

Mesmo um apelo urgente da Organização Internacional de Proteção Animal (OIPA) para poupar a vida dos porcos foi ignorado pelas autoridades. A OIPA ressaltou que esses animais estavam isolados e não representavam risco de propagação da PSA, pois não estavam destinados à cadeia alimentar.

Além das questões morais envolvidas, há preocupações legítimas sobre a maneira como a aplicação da lei está sendo usada para proteger os interesses da indústria da carne. A operação policial envolvendo nove veículos da polícia para abater dez porcos resgatados parece excessiva, levantando dúvidas sobre a proporcionalidade dessas ações.

Esses eventos em Cuori Liberi lembram casos semelhantes em outras partes do mundo, onde recursos policiais significativos foram empregados em situações envolvendo animais. Essas ações suscitam questionamentos sobre o abuso de poder e a priorização dos interesses econômicos em detrimento dos direitos e do bem-estar dos animais.

Foto: Saverio Nichetti e Martina Miccichè

O caso da PSA também destaca a necessidade de repensar a maneira como lidamos com a criação de animais, considerando os riscos que doenças como essa representam. É um lembrete de que a escolha de não explorar animais para consumo pode ser a chave para evitar crises semelhantes no futuro.

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