Por Karen Heath* (Tradução por Lobo Pasolini)
Eu lembro bem da minha última refeição com carne: o quase mítico sanduíche de bacon. Eu o preparei, o comi e pensei: “É isso; meus dias de comer carne chegaram a um fim”. E que alívio isso representou. Eu sabia há muito tempo que havia algo errado em comer animais, mas nunca tinha conseguido desistir. Isso foi 25 anos atrás.
Quando eu estava crescendo eu nunca tive exemplos de pessoas que não comiam carne em minha vida. Eu não conhecia nenhum vegetariano, mas eu sabia que eu deveria ser um deles. Meu pais às vezes chegava em casa depois de ter visto carneiros brincando em um campo e nesses dias declarava que ele não queria seu bife de cordeiro. Mas, além disso, nós éramos uma família que comia carne em toda refeição.
Depois de eliminar a carne da minha vida demorou alguns anos até eu me tornar vegana. Eu ainda me encontrava em processo de negação sobre a crueldade da indústria de laticínios e tinha essa imagem na minha cabeça de uma vaca feliz voluntariamente jorrando seu leite cremoso para dentro de um balde para que nós bebermos! Então um dia eu fiquei em uma fazenda leiteira e essa imagem se despedaçou. Não era nem mesmo uma fazenda ruim, de fato era uma dessas fazendas de família, daquelas bonitinhas que você vê em livros. Mas a realidade não era bonitinha – eu vi os bezerros sendo arrancados de suas mães para que as pessoas possam beber o leite que deveria ser deles. Os bezerros chupavam meu dedo ansiosamente e eu fiquei horrorizada ao tomar conhecimento daquilo que até então eu desconhecia.
Nesta mesma época eu comecei a resgatar animais, principalmente gatos, mas qualquer outro animal também. Tudo começou quando eu recolhi uma que havia sido atingida por um carro. A coisa escalou literalmente da noite para o dia e logo eu me tornei muito ativa em campanhas de castração e no trabalho com colônias de gatos não-domesticados. Mas eu acho que foi quando eu resgatei um cabrito perambulando nas ruas de Londres (sim, em Londres!) e eu o coloquei sentado no banco do passageiro do carro olhando pela janela que eu realmente me tornei vegana.
Como eu sempre gostei de cozinhar, não foi nada difícil. Eu senti falta de algumas receitas que não podem ser imitadas. Mas fica cada vez mais fácil a medida que novos produtos são lançados e eu sou, modéstia a parte, bastante inventiva!
Trabalhar com animais me dá certeza que se eu tenho uma certeza em relação ao futuro essa é que eu sei que eu nunca vou comer ou vestir qualquer coisa feita de algum animal ou contribuir para o sofrimento de animais de qualquer forma que esteja sob o meu controle. Com certeza eu não consigo ser tão boa quanto eu gostaria. Eu não sou perfeita e logo minhas ações afetam o planeta e seus habitantes. Eu mantenho um grupo de resgate de animais na Espanha, o que significa que minha pegada de carbono é pesada. Eu tenho que voar com freqüência mas eu tenho compensar minhas falhas onde é possível.
Eu sou ativa em vários tipos de campanhas no momento. As peles são notícias de novo. Eu sempre fico pasma ao ver um número grande de mulheres em geral inteligentes que saem por aí usando peles, as vezes até para passear com seus cães e declarando que amam animais. Eu adoro moda e sempre colecionei roupas de brechó mas nunca pele – como essas mulheres podem justificar isso? Eu acho estarrecedor e tenho sempre uma pilha enorme de panfletos na minha bolsa (que não é de couro) para distribuir assim que a estação das peles começa.
Além de existirem em um estado de negação em relação ao couro, um número ainda maior de pessoas que eu encontro tentam não pensar sobre a origem de sua comida. Eu fico comovida quando eles começam a dizer, “por favor, não me diga – é muito perturbador!”. Há esperança. Com um pouco de ajuda, eles poderiam ser os veganos do futuro. É muito fácil!
*Karen Heath vive em Londres, de onde ela coordena o Mama Cat Trust, que opera principalmente na região de Cambrils na Espanha. Visite o website: http://www.mamacat.co.uk/
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