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Porcos explorados pela agropecuária agridem uns aos outros por desespero

16 de setembro de 2017
4 min. de leitura
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Porém, grande parte dos 1,5 bilhão de porcos mortos todos os anos pela indústria da carne em todo o mundo não têm essa chance.

Foto: Soil Association

No Reino Unido, 10,6 milhões de porcos são assassinados anualmente e a vida deles não se assemelha em nada com as fazendas idílicas que muitas pessoas imaginam.

“Na Grã-Bretanha, uma nação de amantes de animais, a maioria de nossos porcos está em fazendas industriais em condições que, em minha opinião, só podem ser descritas como uma extrema depravação”, afirma Philip Lymbery, presidente-executivo da Compassion in World Farming (CIWF).

Nas fazendas industriais, os leitões nascem em celas de parto, que são tão minúsculas que as porcas nem sequer conseguem se virar.

Os bebês competem uns com os outros para conseguirem mamar porque a mãe não consegue fornecer leite suficiente para todos. Eles têm os dentes dolorosamente cortados para diminuir os danos quando lutam para serem nutridos.

Com três semanas de vida, eles são transferidos para recintos onde são engordados com cereais e recebem antibióticos rotineiramente porque as doenças se propagam rapidamente devido às condições deploráveis dos animais. Além disso, eles não são alimentados pela mãe durante o período necessário para aumentar suas imunidades.

Os porcos vivem em pisos ripados e duros para que seus excrementos possam ser lavados mais facilmente.
Seus rabos são cortados (sem anestesia se tiverem menos de sete dias) para impedi-los de se ferir enquanto mordem uns aos outros devido ao tédio que se transforma em agressão.

O corte dos rabos é tecnicamente ilegal. A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) informou que “o maior risco de ter o rabo mordido é a ausência de enriquecimento apropriado”.

Entretanto, uma investigação recente da CIWF estima que 81% dos bebês porcos do Reino Unido têm os rabos cortados porque as mutilações são uma solução mais rápida e mais barata.

Criados para crescer rapidamente e alimentados com hormônios de crescimento, os animais são mortos a partir dos cinco meses de vida. No matadouro, eles provavelmente serão gaseados em grupos porque é eficiente e economiza custos. “O gás é muito aversivo, não é agradável”, ressalta Marc Cooper, da RSPCA Assured.

A agropecuária é uma indústria incrivelmente lucrativa. Há diversos jogadores globais que controlam a maioria da produção da carne em todo o mundo.

Para contextualizar isso, em 2013, a empresa norte-americana Smithfield foi a maior produtora de porcos do mundo quando foi absorvida por US$ 4,7 bilhões pela Chinese Shuanghui International Holdings Ltd.

Foto: Getty Images

Essas empresas gastam enormes quantidades de dinheiro para esconder a verdade dos consumidores e mantê-los fora de suas “fazendas”.

No Reino Unido, a Red Tractor certifica 85% das fazendas de porcos. Em seu site, existe um perfil de um fazendeiro e porcos bonitos e felizes em segundo plano. “Se o bem-estar dos animais está em sua mente, você só precisa assistir a este vídeo para ver como realmente os animais são bem cuidados pelo esquema Red Tractor”, diz a plataforma.

Isso está longe de ser a realidade dos porcos explorados e mortos no Reino Unido. Os últimos números sugerem que um terço deles vive em sistemas estéreis, sem palha e metade das porcas é colocada em celas de parto.

Ao ser questionado sobre as vantagens da criação de “porcos ao ar livre” (o que significa que os porcos nascem ao ar livre e são criados em ambientes fechados), a resposta do CEO da Red Tractor, David Clarke, foi: “As vantagens são que algumas pessoas estão preparadas para pagar mais dinheiro por isso porque acham que é um bem-estar melhor”.

Uma investigação feita pelo organismo de certificação orgânica Soil Association descobriu que 63% das amostras de carne de porco tinham E.Coli resistente aos antibióticos – que é a causa mais comum de infecções do trato urinário, envenenamento sanguíneo e também pode causar meningite.

O documento afirma que a rotina de animais explorados em fazendas cria condições que favorecem as doenças.
Durante 35 anos, nenhum novo antibiótico foi descoberto para o tratamento do E. coli.

A pergunta que deve ser feita é: “qual é o verdadeiro custo desse bacon?”. Além da vida dos animais, as pessoas devem pensar nos prejuízos que a carne causa às suas saúdes e ao planeta.

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