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Porca Mercy é morta em matadouro antes de ativistas terem a chance de salvá-la

8 de junho de 2015
5 min. de leitura
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(da Redação)

Policiais capturando Mercy no dia em que foi encontrada solta, após ter caído de um caminhão de transporte. Foto: Jason Levreault/The Carillon
Policiais capturando Mercy no dia em que foi encontrada solta, após ter caído de um caminhão de transporte. Foto: Jason Levreault/The Carillon

A porca fora encontrada perdida em um campo próximo à Perimeter Highway no dia 29 de maio e recebeu o nome de “Mercy” por ativistas locais que planejavam comprá-la e levá-la para um santuário em Ontário. Porém, infelizmente, Mercy foi morta em um matadouro antes que pudesse ser salva. As informações são do The Carillon.
Entre os dias 29 de maio e 2 de junho, Charlotte Sigurdson e outros ativistas levantaram aproximadamente 2.400 dólares em uma campanha no site GoFundMe, para comprar Mercy. A ativista Jenna Vandal e outros começaram uma petição, que conseguiu mais de 5.000 assinaturas até a tarde do dia 3, e que clamava ao Manitoba Pork Council a permissão para que o animal fosse comprado pelos defensores de animais.
“Eu tenho um contato que me disse que Mercy foi enviada no primeiro horário da segunda-feira para ‘processamento’ nos Estados Unidos. E então ela foi morta e nós sequer tivemos a chance de comprá-la”, informou Sigurdson em uma entrevista por telefone, com a voz partida pela emoção. “Eles nunca pretenderam negociar conosco. Eles haviam nos dito que ela não seria prejudicada até que tivéssemos uma chance de trabalhar nisso, e não era verdade. Não houve, nunca, nenhuma possibilidade”.
Andrew Dickson, gerente geral do Manitoba Pork Council, respondeu que o Conselho não estava envolvido com o caso, e que “o ‘dono’ (sic) da porca foi quem decidiu o seu destino. O papel do Conselho é regulatório”.
“Eu entendo que estas pessoas estejam muito frustradas e agora também zangadas conosco (Manitoba Pork Council) por não termos vendido a porca para elas, mas não ‘possuímos’ os animais”, disse Dickson. “Os fazendeiros, eles são os ‘donos’ e comercializam os animais de acordo com as regras”.
Ele relatou que o animal fora examinado por um veterinário da prefeitura da  província do local (Chief Veterinary Officer – CVO) onde ele havia sido encontrado. Após identificação da responsável por ela através da etiqueta em sua orelha, a prefeitura recebeu instruções da ‘dona’ (sic) e transportou a porca diretamente para um estaleiro. Dickson disse que, quando o veterinário da prefeitura se envolveu, o Conselho saiu de cena.
Sigurdson afirma que os funcionários do Pork Council mentiram para os ativistas quando disseram que a porca estaria “sendo cuidada em uma fazenda local” para se recuperar da sua provação, pois ela estava de fato já na fila para o “abate”.
Dickson argumenta que as leis de privacidade proíbem o Conselho de dar informações sobre a tutela da porca, bem como endereços ou destinos, exceto para o CVO. Ele disse que um funcionário do Pork Council foi entrevistado pela TV na sexta-feira e informou que a porca estaria indo para uma fazenda, pois isso é o que seria feito se o responsável não fosse encontrado.
“Após a equipe de reportagem ir embora, nós fomos capazes de rastrear quem era o responsável pelo animal, que foi contatado e indicou que desejava que ele fosse levado a um estaleiro, e que ele seria comercializado a partir desse lugar”, conta Dickson. “Até enquanto estivemos preocupados, esse foi o fim da história. Nós não a levamos para uma fazenda, pois não a levaríamos para lugar algum”.
No entanto, há um ângulo nefasto da história. Vários ativistas disseram ao Free Press que eles foram contatados em seus locais de trabalho por um funcionário do Pork Council que teria feito “falsas acusações contra eles”, tentando colocá-los em apuros.
Dickson disse que o funcionário retornou a alguns dos ativistas que haviam enviado mensagens ou e-mails mas “não houve a intenção de causar constrangimento”, e sim “contar a eles o que aconteceu” com o animal.
Uma mulher contou ao Free Press que ela falou com dois funcionários do conselho “da maneira mais educada e respeitosa”, porém ela foi chamada mais tarde à sala de seu supervisor, que disse a ela que um funcionário do Conselho fez-lhe uma reclamação, alegando que ela estaria “assediando-o”.
“Eu não entendo por que ele gastou todo aquele tempo telefonando para todos nós, quando ele poderia apenas ter entrado em contato com o fazendeiro e ter deixado que comprássemos o animal a valor de mercado”, disse ela.
Dickson, por sua vez, diz que muitos ativistas que telefonaram para o Conselho  usaram “linguagem abusiva”. Segundo ele, o Conselho teria recebido “mais de 600 e-mails de toda a América do Norte e mais de 150 telefonemas”, e que desativou as suas páginas no Facebook e no Twitter devido ao número de postagens “inflamadas”.
Na opinião de Dickson, os ativistas foram responsáveis pelo desencontro de informações – ele sustenta que, apesar de ser incomum um porco escapar ou cair durante o transporte, os ativistas poderiam ter colocado um anúncio no site do Manitoba Pork Council, na seção de classificados, declarando que estavam “interessados em comprar um porco”. Ou seja, depois de todo o ocorrido, Dickson parece ainda não ter entendido o objetivo dos ativistas.
Sigurdson diz que planeja doar os fundos coletados para Mercy ao Happily Ever Esther Farm Sanctuary, nomeado em homenagem a “Esther, the Wonder Pig”, que vive no local com os seus cuidadores e donos do santuário, Steve Jenkins e Derek Walters. Ela divulgou que haverá a devolução do dinheiro doado aos que entrarem em contato com ela através de sua página no Facebook, manifestando esse desejo, mas até então ninguém havia feito esta solicitação.
A página The Vegan Woman, no Facebook, comenta que histórias como esta são de partir o coração, porém que “pelo menos ela aproveitou alguns breves momentos de liberdade e de luz do sol antes de ter sido brutalmente assassinada. A maioria dos animais explorados pela indústria pecuarista não conseguem conhecer nem mesmo isso. Tudo por causa do egoísmo e da incapacidade das pessoas em ver um milímetro além de suas papilas gustativas”.

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