Um estudo publicado nesta semana na revista Nature Communications traz uma análise preocupante sobre as mudanças climáticas: em um planeta mais quente, as transições abruptas entre temperaturas extremamente altas e baixas estão se tornando mais frequentes e intensas.
A pesquisa, intitulada “Rapid flips between warm and cold extremes in a warming world” (“Mudanças rápidas entre extremos quentes e frios em um mundo em aquecimento”), destaca que, mesmo com o aumento médio das temperaturas globais, eventos de frio intenso ainda podem ocorrer – e com maior volatilidade.
O que o estudo descobriu?
Os pesquisadores analisaram dados climáticos históricos e projeções futuras, identificando que o aquecimento global não elimina ondas de frio extremo, mas altera sua dinâmica.
Em vez de um resfriamento gradual, o planeta está experimentando oscilações mais bruscas, com mudanças rápidas de calor para frio e vice-versa.
Essas variações são impulsionadas por alterações nos padrões de circulação atmosférica, como a corrente de jato (jet stream), que se torna mais instável em um clima mais quente.
Como consequência, regiões que antes tinham invernos consistentemente frios ou verões estáveis agora enfrentam mudanças repentinas de temperatura, com impactos diretos na agricultura, saúde pública e infraestrutura.
Por que isso acontece em um mundo mais quente?
O aquecimento global não significa apenas temperaturas médias mais altas, mas também uma maior energia no sistema climático. Essa energia adicional pode perturbar padrões climáticos tradicionais, levando a eventos extremos mais frequentes.
- Aquecimento do Ártico: O derretimento do gelo polar altera a diferença de temperatura entre o Ártico e regiões tropicais, enfraquecendo a corrente de jato e permitindo que massas de ar frio escapem para latitudes médias.
- Eventos extremos mais intensos: Ondas de calor tornam-se mais prolongadas, mas, quando interrompidas por sistemas de baixa temperatura, a transição pode ser abrupta.
Impactos para o Brasil e o mundo
Embora o estudo não foque especificamente no Brasil, pesquisadores alertam que o país também pode sofrer com essas oscilações. Regiões Sul e Sudeste, por exemplo, já enfrentam invernos mais curtos, mas com episódios de frio intenso seguidos de calor anormal.
Para a agricultura, essas variações representam riscos, como geadas tardias após períodos quentes, que podem danificar lavouras. Na saúde pública, as mudanças bruscas aumentam os casos de doenças respiratórias e cardiovasculares.
O que pode ser feito?
Os autores destacam a necessidade de:
- Redução urgente de emissões de gases de efeito estufa para limitar o aquecimento global.
- Adaptação de infraestruturas para suportar variações extremas de temperatura.
- Sistemas de alerta precoce para minimizar os impactos dessas mudanças repentinas.
O estudo reforça que o clima do futuro não será apenas mais quente, mas também mais volátil, exigindo ações imediatas para mitigar seus efeitos.
Fonte: EcoDebate