A missão do Brasil no combate às mudanças climáticas só será cumprida se, antes de mais nada, conseguir promover uma redução no desmatamento e nas queimadas nos próximos anos.
Qual é a razão disso?
O aquecimento global é causado por gases do efeito estufa, sendo o gás carbônico o principal deles. Quanto maior a quantidade de gás carbônico, maior o calor. Vênus, o planeta vizinho, tem 96% da atmosfera com CO2 e uma temperatura perto dos 450ºC.
Enquanto isso, na Terra, desde a Revolução Industrial, quando a economia mudou no final do século XIX, as emissões do gás carbônico explodiram por causa do aumento da demanda por transporte, energia, resíduos, entre outros. Atualmente, os países que mais liberam gases são Estados Unidos, China e Rússia. O Brasil está em 4º lugar, segundo estudo da Carbon Brief divulgado em 2021.
Para manter a meta definida no Acordo de Paris de não ultrapassar uma alta de 1,5ºC na temperatura média do planeta, o trio de países líderes emissores precisa melhorar a matriz energética – a troca dos combustíveis fósseis, como o carvão, para a energia limpa. É a produção de energia desses países que leva à liberação de carbono.
No entanto, quando o assunto é o carbono brasileiro, ele está estocado na Amazônia – e é por isso que mantê-la de pé é uma questão de interesse internacional.
Nesta segunda-feira (13), o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) divulgou os dados de 2019 por município — oito dos 10 maiores emissores do Brasil estão na Amazônia. Mais que isso: cinco localidades que estão no top 10 também em outras duas listas importantes: desmatamento e queimadas. Veja abaixo:
Se um município está na lista dos que mais emitem gases no Brasil há grandes chances de também ser um líder do desmatamento e, consequentemente, também das queimadas. Isso porque a maior parte das emissões do Brasil é perda de floresta — árvore cortada precisa ser queimada para virar pasto ou para a área ser vendida meses depois. Ao queimar, o material emite CO2. Se não queimar, a planta vai se decompor e também emitirá CO2.
Além disso, a participação da energia hidráulica, gerada pelas hidrelétricas, passou de 73% no ano passado para 77% este ano. A eólica, dos ventos, de 9% chegou a 10%. E a solar, dobrou: de 1% para 2%. No mesmo período, a energia térmica teve uma redução de 17% para 11%. O uso dos combustíveis fósseis no Brasil é muito menor na comparação com o China, EUA e Rússia.
Assim, nas Conferências do Clima das Nações Unidas, o Brasil é cobrado por outros líderes sobre as medidas que estão de acordo com as suas emissões, que basicamente giram em torno da Amazônia. E os outros países também se comprometem — não necessariamente cumprem — com suas respectivas falhas na luta contra o aquecimento do planeta.
Na COP26, que ocorreu em Glasgow, no Reino Unido, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, anunciou que o Brasil deverá zerar o desmatamento ilegal em 2028. Até 2024, será uma redução de 15%, segundo a mesma promessa. Os dados por enquanto não refletem as metas: entre agosto de 2020 e julho de 2021, foram 13 mil km² perdidos na Amazônia, o maior número desde 2006.
Fonte: G1