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Por que não devemos alimentar os animais silvestres em meios urbanos?

Por Camila Almeida Rocha, membro do Laboratório de Escrita Científica da Casa da Ciência e da Cultura de Barbacena e do Centro de Estudos em Ecologia Urbana do IFET Barbacena; e Delton Mendes Francelino, Diretor da Casa da Ciência e da Cultura, Coordenador do Centro de Estudos em Ecologia Urbana do IFET Barbacena.

19 de fevereiro de 2023
2 min. de leitura
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Foto: Reprodução

É comum ver nas redes sociais algumas fotos de pessoas alimentando os “micos” que aparecem no quintal de casa, pombas e outras aves nas praças ou até algumas gaivotas que se encontram em praias como em Cabo Frio, Rio de Janeiro, e Arraial do Cabo, no mesmo estado. Mas, o que muita gente não sabe é que isso expõe estes animais a riscos diversos, além de reforçar, e induzir, comportamentos negativos. Alimentar animais silvestres com “comida” humana, nunca é interessante e deve ser evitado.

Os micos, embora fofos e espertos, por exemplo, não devem ser julgados apenas pela aparência. São animais que em meio urbano podem apresentar comportamentos agressivos, com outras espécies, de tal forma que,  quando um humano lhe negar alimento, poderão apresentar reatividade (importante destacar que nem todo “mico” é uma espécie apenas e urbana). Quando você começa a disponibilizar alimento para estes indivíduos, ou micro populações, você estará colaborando para que ele não precise mais gastar energia em busca de alimento na natureza, pela facilidade de acesso. Cabe destacar que quando você não deixa alguma comida, desde frutas e sementes a produtos industrializados, como biscoitos, disponíveis ao alcance deles, seja por esquecimento ou por vontade própria, estes animais poderão ficar estressados e possivelmente entrarem em sua casa em busca de alimento ou desenvolver comportamentos inesperados. Além disso, o hábito de alimentar certas espécies (ou populações), favorece que elas tenham maiores “facilidades” em relação a outras, o que pode favorecer o crescimento desordenado de indivíduos e até o despontar e disseminar de doenças infecciosas. Isso é muito grave para o ecossistema como um todo.

Vale lembrar que os micos em área urbana podem apresentar risco à própria população. Quando saem em busca de alimento, acabam subindo nos postes e posteriormente tendo contato com os fios de alta tensão, levando a mortes por eletrocussão. Há casos de rompimento de fiação elétrica. No caso dos pombos, além de transmitirem doenças a partir do acúmulo de fezes, são animais que se reproduzem com facilidade em meio urbano, o que atualmente é um problema. A alimentação destes animais com alimentos industrializados são é grave, pois a longo prazo poderá causar ausência de nutrientes elementares a estes seres. Mas pombos não são animais silvestres.

É uma situação complexa e que envolve muitos fatores. Cabe sempre lembrar que estes animais silvestres tiveram suas regiões florestadas, naturais, extintas ou reduzidas, e por isso acabam se “aventurando” em meio urbano. O mesmo deve ser pensado em caso de animais domésticos, cujos cruzamentos feitos por mera satisfação humana, acabaram por gerar espécies, ou subespécies, que apresentam a incapacidade da vida silvestre e até diversas doenças, ou propensões genéticas negativas. Preciso é, portanto, a constante busca por informações de qualidade e o embasamento científico.

 

Fonte: Barbacena On Line

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