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DENÚNCIA

Por que a China se tornou no pós-pandemia o hub do zoosadismo online internacional e como podemos acabar com isso

A Rede Global de Tortura de Gatos a partir da China: Linha do Tempo e Análise da ultrajante Organização Criminosa Transnacional que desafia e enoja o mundo

10 de dezembro de 2024
Prof. Ugo Teixeira Werneck Vianna e Dra. Nicole dos Anjos de Souza
10 min. de leitura
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Foto: Divulgação | Feline Guardians

Nos últimos anos e mais especificamente, de maio de 2023 (marco explicado mais a frente) até a presente data (dez. de 2024), uma rede criminosa de tortura de gatos ganhou notoriedade mundial pela brutalidade de suas práticas, desprezo pela vida, futilidade e pelo impacto devastador de suas ações na psique de quem teve contato com esse material grotesco. Não obstante, a subcultura do zoosadismo on-line em modalidades diversas, remonte ao menos, quase duas décadas ou mais, a partir da pandemia esta prática sórdida operou um salto quântico concernente à quantidade de conteúdo produzida em curto espaço de tempo – mais de 500 arquivos com tortura de gatos em cerca de dois anos,  somente a máfia tratada aqui -, agudização dos métodos de tortura, técnicas de prolongamento da dor, espécies de animais, sofisticação da cibersegurança e anonimato, diversificação dos empreendimentos criminosos e monetização, ilustrando que hoje para além de pervertidos que se encontram no meio digital para satisfazer suas depravações, a tortura de animais on line tornou-se um modelo de negócios prolífico, rentável, lucrativo e na China, legalizado, por revoltante e anacrônico que seja, não haver lei que puna atos cruéis contra os domésticos e domesticáveis nesse país.

A rede, círculo, anel ou outras formas de nomenclaturar um grupo, são referenciados por alguns ativistas e companheiros de causa, contudo categorizar como máfia, adequa-se melhor, porquanto operam  como criminosos transnacionais  organizados, com divisão hierárquica de tarefas para auferir lucros pessoais e de terceiros, cometer diversos crimes graves de forma perene e consistente no tempo, estruturando-se e disseminando-se por plataformas on-line, incluindo redes sociais e websites na dark web, tem chocado a sociedade global, gerado protestos em frente as instalações das missões diplomáticas chinesas em vários países, milhares de ações e manifestações de repúdio  virtuais  (o movimento Feline Guardians está presente em cerca de 50 países e federações) levantado questões sobre as lacunas nas legislações em nível global de proteção animal no enfrentamento do zoosadismo on line, inação das autoridades e empresas de cibernética, regulação e responsabilização das big techs e culmina em duas demandas emergenciais para estancar a epidemia de tortura animal na internet:

1) a China precisa sancionar uma lei penal federal, gravosa, prevendo reclusão, capaz de gerar efeito pedagógico para dissuadir aqueles que cogitem delinquir maltratando animais, não importando a motivação e a espécie, promulgando conjuntamente um tipo criminal específico ou qualificado para quem se enveredar no submundo do zoosadismo on-line e em ambos dispositivos, tratá-los como crime de potencial ofensivo grave com penas duras e inflexíveis.

2) a China precisa ouvir o clamor dos ativistas, dos protestos nos consulados e embaixadas e de cidadãs(os) do seu próprio povo, sofrendo dolorosamente há anos em alguns casos, compilar todos os terabytes, fornecidos diligentemente pelos ativistas infiltrados, de evidências e provas de autoria e materialidade, dos mais de 20 (vinte) delitos colaterais  gravíssimos praticados reiteradamente pela máfia de tortura de gatos, puníveis nesse país, como comércio de pornografia infantil, instigação ao suicídio, à automutilação e ao terrorismo antigoverno, e.g., investigar institucionalmente, desmantelar e punir exemplar e implacavelmente, seus membros, mediante todo o mal irreparável que esses criminosos vem causando, sua periculosidade e incapacidade de viver socialmente, criando um precedente jurisprudencial capaz de demover criminosos potenciais e agilizar o Judiciário da China nos diversos casos similares, que neste momento estão operando  sediados no país.

“Cow Cat” o gato torturado por 36 horas por Xu Zhihui. Foto: Divulgação | Feline Guardians

Maio de 2023: A Explosão Inicial

O primeiro sinal público dessa rede surgiu em maio de 2023, quando vídeos perturbadores de tortura de gatos começaram a circular amplamente na internet. Dois casos específicos ganharam destaque.

ALERTA DE GATILHO: DESCRIÇÃO DETALHADA DE SITUAÇÕES ENVOLVENDO TORTURA ANIMAL, CASO VOCÊ NÃO SE SINTA PLENAMENTE PREPARADA(O) PSICOLOGICAMENTE PARA LIDAR COM ISSO, CONSIDERE PARAR OU AVANÇAR A LEITURA.

“Cat in a Blender”

Esse vídeo, que mostra uma gata tricolor, do tipo “calico”, em estado de choque, colocada em um lliquidificador com um líquido e hélices repetidas vezes ligadas, liquidificada viva, causou um impacto global, logo após o jornalista estadunidense Ben Collins, correspondente da NBC, ter “tuitado” (@oneunderscore__) criticando a administração do Twitter, já sob a liderança de Elon Musk, destacando a presença de vídeos perturbadores nas plataformas da surface web. Collins mencionou que, ao buscar a palavra “cat” na plataforma, o algoritmo sugeria automaticamente termos relacionados a esse vídeo perturbador, denunciando o risco para as crianças.

O cidadão chinês responsável foi identificado como Wang Chaoyi (王朝溢), proeminente produtor de conteúdo de tortura animal,  anteriormente ao abjeto fenômeno que hoje existe, notabilizado como um dos impulsionadores desse movimento infame e pelo uso de outras ferramentas elétricas como no vídeo em que usa uma esmerilhadeira na calota craniana de um gato aloirado, expondo seu cérebro, ainda em vida. também conhecido pela alcunha de “Cat Addiction Therapist”, que igualmente nomeou um dos primeiros grupos do Telegram, que ao seu turno, ainda é uma das principais ferramentas dessa máfia, não tendo a prisão de Durov em Paris (2024) sido suficiente para frear o ânimo criminoso dos grupos de zoosadismo, no uso desse aplicativo de regramento maleável e omisso ao crime.

Wang Chaoyi “Cat Addiction Therapist” criminoso responsável do vídeo “Cat in a blender”. Foto: Divulgação | Feline Guardians

Chaoyi foi apontado como um dos líderes dessa rede, tendo produzido cerca de 300 vídeos de tortura de gatos. Após a sequência “cat in a blender” viralizar, com o repúdio estrangeiro massivo e protestos na própria China, Wang foi demitido da instituição bancária que trabalhava, detido por 15 (quinze) dias sob acusação de “perturbação da ordem pública” na China, por ter quebrado o vidro de um veículo, para tentar sequestrar um gato, mas as acusações não incluíram crueldade animal devido à ausência de leis específicas no país. Reputa-se a Wang Chaoyi (王朝溢) a tortura e extermínio de milhares de gatos em sua trajetória de mais de 10 (dez) anos de zoosadismo, assim como constatado um provável enriquecimento com centenas de milhares de dólares de lucros como produtor de porn gore, porn torture, snuff movies (derivações de como são chamados esses conteúdos dantescos), além de ser um indivíduo periculoso envolvido aparentemente com terroristas, traficantes e da mãe de seu filho e esposa à época, participar ativamente dos atos nas filmagens.

“Cow Cat Torturado por 36 Horas”[1]

Esse caso envolveu um gato com padrão de pelagem semelhante ao de uma vaca (é possível que fosse uma fêmea e prenhe), que foi, sequestrado de sua tutora, torturado por 36 horas, mantido sem alimentação e hidratação. Aplicou-se sob o som de risos sarcásticos, métodos hediondos como enforcamento com fios elétricos, cortes, estocadas, afogamento, golpes, unhas arrancadas, humilhações e por fim ateamento de fogo em vida, debatendo-se dentro de uma sacola. O responsável, identificado e confesso foi Xu Zhihui (徐志辉), food influencer chinês, conhecido como “Jack Latiao” no meio do zoosadismo de gatos, que também foi preso provisoriamente. A detenção de Xu “Jack Latiao” durou pífios e vexaminosos 14 (catorze) dias, sob acusações de “captura ilegal de propriedade”[2], sem acusações de crueldade animal. Devido à notoriedade pública de Xu como influenciador digital, levando-o a cancelar suas mídias sociais, à abominação  do seu ato ter escandalizado a opinião pública global e local no mesmo recorte de tempo que as filmagens de tortura de gatos de Wang Chaoyi (王朝溢) submergiram do esgoto da internet, atribui-se a toda essa  publicidade, o pseudônimo, Jack Latiao ter sido tomado para batizar as primeiras plataformas de acesso on-line na (surface) web dessa máfia especializada na produção e disseminação de gravações audiovisuais  de zoosadismo com gatos, sendo essa alusão a Xu “Jack Latiao” Zhihui (徐志辉) uma espécie de homenagem, deturpada. Tão logo esse domínio foi mudado, pois, os nomes fantasias, links de acesso, provedores, IPs e apps mudam regularmente para tentar burlar a coleta de provas.

Como efeito colateral, a resistência e resiliência demonstrada pelo felino atrozmente vilipendiado, sem emitir um choro, uma súplica, insubmisso, indômito, sempre com olhar fixo e com a cabeça em pé, fitando nos olhos sem recuar, seu desprezível e covarde algoz, tornou esse indivíduo animal não humano, um ícone de postura e de enfrentamento, até a sua última lufada de vida, com uma hombridade e dignidade, reverenciada apenas aos raríssimos mártires.

Xu “Jack Latiao” Zhihui “influencer” de comida, torturador do Cow Cat. Foto: Divulgação | Feline Guardians

Outros casos aflitivos foram cobertos, pela mídia local e estrangeiras e continuam todas as semanas praticamente algum novo, direta ou indiretamente conectado as máfias de zoosadismo on-line, ganhando exposição e milhares de compartilhamentos, refletindo que a China encontra-se num momento-chave para continuar sendo incentivada a tomar providências emergenciais para o recrudescimento da legislação penal para quem abusa de animais de todas as espécies e desde já pelos demais crimes, punir esses criminosos organizados.

Ainda dentro do mercado de zoosadismo, é importante que se faça esse adendo antes de avançar nas explanações, de que há uma ramificação chamada crush fetish, que é uma prática fetichista que envolve obter prazer ao observar animais sendo esmagados, geralmente estes vídeos são produzidos por mulheres que esmigalham   animais vivos pisando ou saltando neles, calçadas com salto alto, ou ainda evisceram ou mutilam com bisturis e tesouras, v.g., estando em território  chinês a concentração da maior parte dos estúdios de gravação, alguns casos remontando mais de uma década e ao menos três repercutiram internacionalmente em  2024, que vieram à tona com envolvimento de menores em todos eles.

Abril de 2023 a dezembro de 2024: escalada, estruturação e diversificação de atividades

Após esses dois casos emblemáticos darem a tônica do que estaria por vir, investigações de ativistas independentes dentro e fora da China (alguns voluntários acompanham e desmascaram torturadores antes de 2023) revelaram a nova formação de uma rede criminosa altamente organizada, que para além do crime permanente focado em tortura de gatos, dos delitos correlatos e colaterais e das motivações individuais – negócios, zoosadismo, terrorismo –  unem-se em uma atmosfera com uma semiótica própria que comungam, caracterizada pelo uso de memes de suas torturas, referências da cultura otaku e kawaii, produção e difusão de photoshops pornográficos com montagens provocando seus líderes atuais, históricos, debochando de outras etnias e até incitando a cinofobia contra si próprios e compatriotas, são marcados pela pulsão destrutiva, cinismo, narcisismo, manipulação, incapacidade de empatia e remorso, visão de realidade distópica e delirante, intenso menosprezo pela vida animal, humana e por quem reconhecem como defensores destes, sobretudo mulheres, pertencem a classe média alta, com escolarização superior, em regra, os maiores de idade, empregos e vida social dupla, essa oculta e a normativa. Conhecidos como “Cat Torture Rings”, esses grupos agem de forma sofisticada, estatuídos, com planejamentos e práticas específicas.

CONTINUA NA PARTE 2.

O grupo Guardiões de Felinos do Brasil (@guardioesdefelinos) é um braço do grupo Internacional Feline Guardians Without Borders (@feline_guardians). Há outros de vários países, agindo de forma coordenada em suas respectivas localidades e especialidades, todas em conjunto e com o mesmo objetivo.

Os dados aqui contidos foram compilados pelo esforço coletivo de vários voluntários dos Feline Guardians Without Borders Internacional; uma comunidade que se dedica a combater a rede de tortura de gatos e a difundir a consciência sobre esta questão EMERGENCIAL social global crítica.

Siga as redes sociais do movimento Feline Guardians internacional e Guardiões de Felinos no Brasil, acesse o site felineguardians.org, partícipe das campanhas e ações, junte-se ao movimento com suas habilidades, espalhe esclarecimentos, confira nossa playlist no Youtube COMBATE A TORTURA DE GATOS NA CHINA assista e compartilhe  o primeiro  primeiro doc: The Cat Torture Ring, dirigido pelo reconhecido trabalho investigativo do documentarista Yardfish, que também cobriu com muita propriedade  a máfia de tortura em macacos.

Entre em contato conosco no Instagram em @guardiõesdefelinos ou @ugotwerneckvianna

[1] COW CAT hoje é o símbolo da causa Feline Guardians Without Borders (Guardiões de Felinos Sem

Fronteiras).

[2] Gatos e outros animais de estimação são considerados propriedade e, portanto, tratados como coisas.

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