Scanlon disse que “em algumas regiões, particularmente na África central, as populações locais de elefantes estão a ser dizimadas e serão levadas à extinção dentro de muito pouco tempo”
A população de elefantes estará em risco nalgumas zonas de África caso a caça e tráfico de marfim não parem, diz a CITES, reguladora mundial da vida selvagem, que coloca Angola na rota mundial desta atividade.
“Precisamos de alargar a rede”, disse à AFP John Scanlon, o chefe da CITES (Convenção do Comércio Internacional de Espécies em Perigo de Fauna e Flora Selvagem), à margem de uma conferência sobre comércio ilegal de espécies selvagens que decorreu esta semana em Genebra.
Nos últimos três anos, mais de 60.000 elefantes foram mortos em África, um número que “ultrapassa em grande parte o número de elefantes que nasceram”, disse o responsável.
Scanlon disse que “em algumas regiões, particularmente na África central, as populações locais de elefantes estão a ser dizimadas e serão levadas à extinção dentro de muito pouco tempo”.
Grupos de crime organizado e milícias rebeldes em busca de fundos têm-se envolvido cada vez mais neste negócio, que tem muita procura na Ásia, tanto para uso decorativo como para técnicas de medicina tradicional, e que movimenta milhares de milhões de euros.
Os participantes no evento de Genebra insistiram em que países como a República Democrática do Congo e a Nigéria, até agora considerados países secundários nas rotas do tráfico de marfim, devem acelerar o processo de estabelecimento de um programa de ação contra este tipo de prática.
Em Genebra também se apelou a que várias nações que até agora estavam apenas em listas de precaução, como Angola, Cambodja ou Laos acelerem os seus processos, já que a sua importância como país de trânsito de marfim tem crescido ano após ano.
“Passaram a ser países que geram preocupação real”, disse Scanlon. De resto, de acordo com a organização não governamental (ONG) ‘Save the Elephants’, Angola já é o segundo maior mercado mundial de marfim, atrás da Nigéria.
De acordo com a ONG, em Luanda os vendedores “têm muita pouca preocupação sobre a possibilidade de serem apanhados a vender marfim ilegal”.
Apesar do tráfico ainda ser bastante elevado, Ben Janse van Rensburg, um antigo polícia sul-africano que é responsável por uma unidade de suporte da CITES, disse que a maior atenção à situação mostra que os esforços já em execução estão a ter sucesso.
“À medida que se implementam medidas em países cuja preocupação é máxima, é usual ver tendências de crime a acentuar noutros países”, disse à AFP, reforçando a importância de envolver mais países no projeto “para tapar todos os buracos que possam existir”.
Janse van Rensburg saudou o rápido progresso conseguido desde que os programas foram criados, em países como o Quénia, a Tanzânia e o Uganda, que segundo o responsável fizeram grandes avanços no controlo do tráfico de marfim.
“Apreenderam mais marfim antes de sair de África do que tínhamos conhecimento em quaisquer anos anteriores”, disse Jense van Rensburg.
William Kiprono, responsável da entidade que gere a vida selvagem no Quénia, disse que o seu país estava a aplicar medidas severas para os traficantes de marfim, incluindo prisão perpétua. “O essencial é o tempo. Se perdermos tempo os criminosos vão dizimar a nossa vida selvagem”, disse Kiprono.
Vários países asiáticos que são o ponto de chegada do tráfico, incluindo a China, têm destruído grandes quantidades de marfim. De acordo com Scanlon, isto “manda uma mensagem muito forte para os grandes criminosos envolvidos nisto”. Essa mensagem é de intolerância: “Não aceitamos nem toleramos o tráfico de marfim, e se o encontramos cercamo-lo, confiscamo-lo e destruímo-lo”, concluiu.
*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.
Fonte: Jornal I