Por Vinicius Siqueira (da Redação)
Um engenheiro e sua namorada caíram nesta terça-feira (10) de um penhasco de mais de 45 metros na região sul do País de Gales, no Reino Unido, enquanto tentavam resgatar seu cão que também estava na borda da formação rochosa. O rapaz, chamado Rhys Clark, morreu instantaneamente junto com o cão, já sua namorada, Ania, milagrosamente sobreviveu, sofrendo ferimentos graves, de acordo com informações do Daily Mail.
Sherlock, o cão de um ano que Rhys tutorava com sua namorada, fazia parte das realizações do engenheiro. Segundo sua mãe, desconsolada, “Uma das coisas que Rhys sempre disse que faria era resgatar um cachorro e lhe dar um bom lar. Ele e Ania amavam o cachorro e o levavam para passear pelo topo dos penhascos todo fim de semana”. “Eu tinha um maravilhoso filho, não sei o que vou fazer sem ele. Só espero que ele não tenha sofrido”, lamentou a perda.
Rhys foi um exemplo de amor aos animais ao arriscar a sua vida pela salvação de Sherlock, o cão que o casal tanto amava. Ainda segundo Janet, eles planejavam se casar, ter filhos e morar em Herefordshire, lugar onde ele sempre quis se estabelecer. Rhys tinha graduação e pós-graduação pela universidade de Cardiff, onde conheceu Ania, que era aluna do programa de doutorado.
Durante a semana, ele trabalhava como engenheiro ambiental em Lincolnshire, e retornava para a baía de Cardiff aos fins de semana, no flat que ele e Ania dividiam.
Ania está no hospital da universidade de Cardiff e seu pai voou da Polônia, onde vive com o restante da família, para acompanhar a melhora da filha. Janet também revelou que, no hospital, eles a contaram sobre a morte de Rhys e Sherlock, “Ela estava extremamente ferida e não se lembrava de nada que havia acontecido”.
O veredito final para o caso foi de “morte acidental”. Segundo o coronel da cidade, tudo leva a crer que o cão caminhou para o lado perigoso do penhasco e Rhys acabou sendo uma segunda vítima do acidente.
Amor e respeito aos animais
O amor de Rhys e Ania pelo cão Sherlock ultrapassou o mero esmero que se da à mercadorias e brinquedos. O cão era tratado com o devido respeito e a mãe de Rhys tinha consciência da relação horizontal com o animal, “Meu filho poderia ainda estar aqui se não fosse pelo cachorro, mas isso não pode ser visto assim. Eu tinha um filho maravilhoso” disse comovida.
Em um mundo onde cães são descartados como lixo, jogados em boeiros e enrolados em arame farpado, onde rebanhos de cabras são reproduzidas como mercadorias em linha de produção, unicamente para a fabricação de cashmere (um simples tecido), causando além da exploração destes animais até sua morte, a ocupação de áreas que leopardos, antílopes e saigas têm como habitat natural e, portanto, diminuindo as chances de sobrevivência deste animais, o respeito e amor por um animal não humano parece ser considerado cada vez mais estranho.
Em sua coluna na ANDA, Sônia T. Felipe apontou que a tradição é cruel com os animais. É a justificativa a partir da tradição que acomoda a dominação humana sobre os animais e que, portanto, dificulta que o respeito pleno, como demonstrado por Rhys, seja praticado. Entretanto, tradição não é justificativa ética para nenhuma prática. Resta aos seres-humanos, que têm o poder de terminar com a exploração animal, abandonarem algumas de suas atividades tradicionais em nome da ética para com os animais.