Uma parceria público-privada no México anunciou recentemente que a população atual de papagaios-de-bico-grosso é de aproximadamente 2.500 indivíduos — pelo menos 10% a mais do que o registrado há 12 anos.
O número foi determinado em uma pesquisa populacional recente realizada em uma área protegida no estado de Chihuahua, onde, há muito tempo, essa espécie carismática se estendia ao norte, alcançando os Estados Unidos.
O papagaio-de-bico-grosso é uma espécie emblemática das florestas temperadas da Sierra Madre Ocidental e, no passado, habitava também o Arizona e o Novo México.
Desde 1995, essa espécie, classificada como em perigo de extinção pelo governo mexicano, tem sido alvo de inúmeros estudos e ações de proteção e manejo, enquanto as florestas montanhosas das quais depende têm sido foco de extensos projetos de reflorestamento.
Esses esforços, liderados pela Comissão Nacional de Áreas Naturais Protegidas (CONANP) e pela organização civil Organización Vida Silvestre (OVIS), com a participação de comunidades locais e outras organizações dos EUA e do México, estão trazendo resultados encorajadores, como demonstrado pelo aumento populacional, detalhou um comunicado da OVIS.
“Essa história emergente de sucesso reflete a importância da colaboração entre sociedade e governo e uma visão de ecossistemas saudáveis e comunidades sustentáveis, alinhada às políticas e práticas que a CONANP fortalecerá nos próximos anos”, disse Pedro Álvarez-Icaza, chefe da CONANP.
Os dados do censo sugerem que a população de papagaios-de-bico-grosso continuará a crescer à medida que as práticas de manejo florestal sustentável forem consolidadas pelas comunidades da região.
Sergio Jiménez, diretor executivo da OVIS, agradeceu o apoio das várias instituições envolvidas.
“Este esforço multi-institucional liderado por Ernesto Enkerlin Hoeflich, diretor científico da OVIS, está dando frutos após três décadas, o que nos dá esperança para outras espécies em risco e destaca a necessidade de cooperação, persistência e planejamento de longo prazo para produzir resultados eficazes de conservação.”
Um grande esforço para restaurar as populações desse papagaio foi realizado na década de 1980 entre as “ilhas do céu” do Arizona. Essas dramáticas cadeias montanhosas, curtas e robustas, no meio das planícies escaldantes, foram vistas como refúgios perfeitos para a reintrodução. No entanto, o problema era que espécies predadoras, como o gavião-americano, já haviam retornado em grande número a essas colinas, tornando insustentável a presença dos papagaios.
Em outubro de 2020, foi anunciado que uma altitude maior seria procurada nas “ilhas do céu” para formar a base de uma nova tentativa de reintrodução, incluindo as montanhas Chiricahua.
Se as populações se recuperarem substancialmente no México, pode acontecer de a ave recolonizar seus antigos habitats no sudoeste dos EUA sem a necessidade de intervenção dos cientistas.