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ESPÉCIE VULNERÁVEL

População de ursos polares mais estudada do planeta diminuiu 50% desde década de 1990, diz pesquisa

A razão é que as mudanças climáticas estão prolongando o período sem gelo, forçando os animais, acostumados a caçar a partir do gelo, a prolongar o tempo que passam atrás de comida e a ficarem cada vez mais tempo em terra

1 de fevereiro de 2025
Renata Turbiani
3 min. de leitura
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Mãe Ursa Polar (ursus maritimus) com filhotes no gelo na Baía subártica de Wager, perto da Baía de Hudson, área de Churchill, Manitoba, norte do Canadá — Foto: Getty Images

Já é sabido que as mudanças climáticas estão impactando severamente a vida dos ursos polares. A espécie, inclusive, está classificada como vulnerável na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). E, agora, cientistas quantificaram o quanto o aquecimento do planeta reduziu a população destes animais na Baía de Hudson, no Canadá – por lá, vive o grupo de ursos polares mais estudado do mundo.

Em artigo publicado no periódico Science, pesquisadores da Universidade de Toronto e outras instituições relataram que houve um declínio populacional de 50% desde meados da década de 1990. Naquela época, havia cerca de 1.200 animais no local. Atualmente, são 600.

Louise Archer, principal autora do trabalho, disse à ABC que o derretimento do gelo marinho encurtou a temporada de alimentação dos ursos polares, o que resulta em um déficit de energia para eles por períodos mais longos do ano.

O gelo marinho é crucial para a sobrevivência da espécie, porque os indivíduos o usam para caçar sua principal fonte de alimento, as focas. Sem o gelo, eles são forçados a caçar em águas abertas, uma tarefa bastante difícil e que consome muita energia, ou a passarem mais tempo em terra.

“Se um urso tenta capturar uma foca em águas abertas, a foca nadará mais rápido do que o urso em quase todas as ocasiões”, observou o pesquisador Peter Molnar.

Archer acrescentou que a espécie tem cerca de três a quatro semanas a menos no gelo marinho a cada ano, em média, em comparação com meados da década de 1980 – a camada gelada está derretendo mais cedo na primavera e congelando mais tarde no inverno.

A perda de porções de água congelada é especialmente prejudicial para mães e seus filhotes. A reportagem explica que, quando as mamães têm uma temporada de alimentação mais curta, elas consomem menos energia ao longo do ano, o que dificulta o fornecimento de leite para os bebês, consequentemente colocando a sobrevivência deles em risco.

Molnar observou que, com base nas atuais emissões de gases de efeito estufa, os ursos polares nas regiões do sul do Ártico provavelmente deixarão de existir se a quantidade de gelo marinho continuar a diminuir.

A solução para isso passa por uma redução drástica na extração de combustíveis fósseis que liberam gases de efeito estufa, os principais responsáveis pelo aquecimento do planeta. “Nós, como sociedade, ainda temos uma chance de mudar as coisas. Mas para fazer isso, precisamos agir agora e não daqui a décadas”, completou o pesquisador.

Fonte: Um Só Planeta

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