Por Lilian Regato Garrafa (da Redação)
Ainda nos deparamos diariamente com novas aberrações no que se relaciona ao uso abusivo de animais para diversas finalidades, das mais fúteis às mais esdrúxulas.
As feiras em que animais são exibidos e vendidos como mercadorias, cujas características de qualidade, raça, porte, comportamento são exaltadas e valorizadas, mostram claramente o atraso no modo como lidamos com os animais e os desconsideramos em sua essência. Uma exploração por parte de quem vende e só almeja lucro extraído da reprodução forçada de vidas, e por parte de quem compra, interessado em ostentar um animal de raça, preenchendo lacunas e carências em sua própria existência.
“Ter” um animal não tem sido suficiente. O índice de compra de animais é proporcional à taxa com que são abandonados quando não se mostram mais interessantes, bonitos, agradáveis, quando deixam de corresponder à expectativa humana por preencher aquele vazio que corre compulsivamente à aquisição de novidades no mercado.
Em vista dessa anomalia social, a indústria da exploração de vidas vê-se forçada a inovar. Agradar aos olhos ávidos por ver um animal submetido a um tratamento humilhante, que o mostra pateticamente subserviente aos caprichos dos olhares humanos.
Foi o que uma feira em Xangai, na China, teve a capacidade de fazer com um cachorro poodle, que teve seu corpo tingido para que se assemelhasse a um urso panda. Uma imagem que mostra o quanto ainda estamos distantes de considerar animais em sua própria natureza. Uma inominável e degradante ação de coisificação de um ser.