Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
Milhões de animais são mortos todos os dias somente nas estradas dos Estados Unidos, o que evidencia o perigo das rodovias para a vida selvagem. Porém, se os animais apenas escutarem o tráfego, isso ainda é uma ameaça?
Sim, sugere um crescente campo de pesquisa que observa os impactos de ruídos antropogênicos em aves, rãs, peixes, insetos, cães-da-pradaria, informa o portal Vox.
Embora raramente provoque mutilações ou mortes, o ruído antropogênico- incluindo o ruído da estrada – é cada vez mais reconhecido como uma forma de degradação do habitat e uma fonte de estresse que interfere na saúde e no bem-estar dos animais.
Segundo Kurt Fristrup, cientista dos Parques Nacionais dos Estados Unidos, isso não é surpreendente.”O registro fóssil é muito claro: animais desenvolvem ouvidos antes de cordas vocais”.
“É tudo sobre vigilância ambiental. A audição é o alerta universal, o sentido essencial que nunca desapareceu em qualquer espécie. Do ponto de vista evolutivo, a audição é muito mais universal do que a visão”, completa.
Nos últimos anos, os cientistas tornaram-se cada vez mais conscientes da importância do ambiente acústico para a vida selvagem – ao comportamento, comunicação e, em última análise, a sobrevivência.
É cada vez mais claro que ruídos produzidos por seres humanos – como o tráfego rodoviário, aviões, navios, extração de petróleo e gás etc – deve ser considerado um poluente generalizado “prejudicial para a vida selvagem e os sistemas naturais.”, afirmam Fristrup e seus colegas.
Segundo Clinton Francis, professor-assistente de ciências biológicas na Universidade Estadual de Cal Poly, as pesquisas sobre o assunto se desenvolveram há década.
Atualmente, o que é mais aparente é a forma como os animais respondem ao ruído, por isso os cientistas estão apenas começando a entender as ramificações disso.
Algumas respostas podem ser observadas em alterações no comportamento e na comunicação entre os animais. Há também influências nos locais escolhidos pelos animais para viverem, o sucesso em evitar predadores, ou a capacidade de caçar.
Os ruídos provocam impactos até mesmo durante o acasalamento, além de estresse fisiológico.
Baleias e outros mamíferos marinhos que utilizam o som para se comunicarem são, indiscutivelmente, os animais cujo ambiente acústico recebeu mais atenção entre os cientistas.
Há muitos anos, sabe-se que o ruído proveniente de navios, sonares, e atividades industriais pode interromper a comunicação vital entre as baleias e danificar fisicamente a audição dos animais, que ficam severamente desorientados e podem ficar presos e falecer.
A Administração Nacional da Atmosfera e dos Oceanos (NOAA) dos Estados Unidos tem criado novas orientações que visam proteger as espécies marinhas.
“Estabelecemos diferentes níveis de ruído com os quais estamos preocupados que podem causar danos ao ouvido interno, problemas comportamentais ou prejudicar a sobrevivência das espécies marinhas”, diz a especialista acústica do órgão Amy Scholik-Schlomer.
Os pesquisadores estudam algumas maneiras de reduzir a poluição sonora que ameaça os animais tanto em ambientes terrestres como nos oceanos.
Cientistas que estudam os impactos do ruído na vida selvagem dizem que é possível reduzir o ruído dos pneus em estradas alterando os materiais usados para diminuir o atrito.
Barreiras podem ser construídas para bloquear o ruído da estrada também, embora essas barreiras, alertam os biólogos, devam ser cuidadosamente consideradas, para não criar outros obstáculos ou degradar o habitat dos animais selvagens.
Em áreas protegidas, como parques nacionais, o número de pessoas permitido ao redor de espécies sensíveis pode ser restringido. Já nos oceanos se considera a utilização de navios desacelerados.
A boa notícia é que o ambiente acústico pode ser restaurado sem impactos remanescentes.