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Poluição no rio Douro, em Portugal, causa mudança de sexo em peixes e moluscos

24 de julho de 2010
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O rio Douro, em Portugal, está poluído porque há linhas de água contaminadas  drenando constantemente no estuário e porque as ETAR não funcionam como deviam. A contaminação causa doenças nos humanos e têm até mudado o sexo de peixes e moluscos.

“O estuário do Douro está hiperpoluído”, adverte Adriano Bordalo e Sá, hidrobiológo do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (ICBAS), no Porto, que há 25 anos estuda a área de 21,6 quilômetros que vai da barragem de Crestuma-Lever até à foz.

No ICBAS, fez-se contabilidade e os dados mais recentes têm poucos dias: “Temos de 200 a 500 vezes mais contaminação fecal do que a que nos permitiria ter bandeira azul na barra do Douro”, afiança o cientista. Essa poluição tem a principal origem nas descargas de águas residuais domésticas do milhão de pessoas cujas casas drenam, oficialmente ou não, para o estuário do Douro.

Há esgotos e outros resíduos, como químicos, presentes nos detergentes de uso doméstico,  chegando ao rio. Na urina humana, por exemplo, há vestígios de outros químicos, como a pílula contraceptiva ou antibióticos. Estes poluentes, aos quais se juntam, no mar, os anti-inscrustantes usados no casco dos navios e ainda hidrocarbonetos e DDT,  já causaram alterações detectáveis em espécies marinhas e de rio.

No Douro, foram encontradas tainhas e solhas que mudaram de sexo, salienta Bordalo e Sá. Verificou-se que as fêmeas ganharam características masculinas e, em alguns organismos, encontraram-se ovários e testículos, embora desenvolvidos. Na costa marítima, o mesmo se verificou na nucella, um búzio muito comum no litoral Norte de Portugal. Nas enguias, foram detectados problemas neurológicos e de crescimento.

Fonte: Jornal de Notícias

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