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Poluição mata mais que guerras, obesidade, cigarro e desnutrição

31 de outubro de 2017
4 min. de leitura
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Sujeira no ar, na água, no solo e em ambientes de trabalho estão matando pessoas em uma taxa alarmante. Uma matéria do site Business Insider aponta os seguintes dados:

  • 9 milhões de pessoas morreram prematuramente de doenças causadas pela poluição em 2015, contabilizando 16% de todas as mortes mundo afora.
  • Praticamente todas as mortes relacionadas à poluição estão acontecendo em países pobres ou em desenvolvimento
  • O custo disso para o mundo é estimado em 4,6 trilhões de dólares por ano.

Pesquisadores que contabilizam esses efeitos dizem que a contaminação ambiental é agora a principal causa mundial de mortes, sendo responsável por uma a cada seis mortes no planeta.

Policial usa máscara para se proteger de ar poluído
Foto: Thomson Reuters

Poluição é mais mortal que fumar, mata 15 vezes mais pessoas que todas as guerras e mortes violentas do planeta somadas e ainda é três vezes mais mortal que AIDS, malária e tuberculose juntas, dizimando um total de nove milhões de pessoas por ano, de acordo com um relatório divulgado no dia 19 de outubro pela The Lancet Comission on Pollution and Health (Comissão de Saúde e Poluição da The Lancet).

A poluição do ar é de longe a principal causa de mortes, somada à contaminação da água e condições anti-higiênicas de trabalho ao redor do mundo, e se torna aparente que a poluição é mais perigosa às pessoas que doenças do coração, que até então era o que mais matava ao redor do mundo.

Gráfico, em inglês, das taxas de mortalidade e suas causas no mundo
Gráfico mostra os fatores de risco e causa das taxas de morte estimadas no mundo | Fonte: The Lancet

“Ninguém conseguiu juntar todas as informações sobre doenças e mortes atribuídas a todas as formas de poluição”, relatou o autor Dr. Pilip Landrigan, que vem estudando há décadas seus os efeitos na saúde de crianças, ao The Lancet. Ele diz que os perigos da poluição estão escondidos aos olhos do público, porque a informação está separada em estatísticas separadas.

O relatório do autor afirma que os novos números da poluição estão intimamente ligados a
mudanças climáticas, principalmente causada pela poluição do ar, que é a maior responsável pelos gases de efeito estufa. A queima de combustível de todos os tipos “é responsável por 85% das partículas de poluição no ar, por óxidos de enxofre e nitrogênio”, de acordo com o relato.

Combustíveis fósseis, fogões ineficientes usados nos países em desenvolvimento e desmatamentos e queimadas causadas pela agricultura contribuem para a má qualidade do ar. A boa notícia é que as taxas de poluição gerada por fogões que fazem muita fumaça e água contaminada estão caindo, à medida que os países vão se desenvolvendo.

Chaminés industriais soltam grande volume de fumaça durante o pôr do sol
Foto: Cultura Mix

Porém, segundo o relatório, em muitos lugares o saldo mortal da poluição vai piorar, a não ser que fontes mais limpas de energia sejam disponibilizadas.

Enquanto países desenvolvidos continuam a queimar massivas quantidades de combustíveis fósseis, os problemas com o ar estão concentrados nos países de desenvolvimento mediano ou pobres. As cidades são responsáveis por 75% da emissão de gases que geram o efeito estufa, que são especialmente mortais — de acordo com o relatório, cerca de 90% das regiões urbanas do mundo estão respirando ar que não atende aos padrões de qualidade do ar estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde.

Os esforços para países que estão em desenvolvimento muitas vezes significam investimentos em mineração, aumento do desmatamento, aumento do uso de inseticidas e agrotóxicos, aumento de demanda por eletricidade e mais carros consumindo combustível nas estradas. Tudo isso vem com um custo, segundo o autor.

Carros presos no trânsito soltam fumaça
Foto: Tired Earth

As perdas de produtividade vindas do que o relatório chama de “desenvolvimento insalubre e insustentável” estão aumentando doenças e mortes que roubam da economia mundial 2% do PIB a cada ano.

Governos podem fazer diferente

Mas não precisa ser assim. Nos EUA as taxas de poluição vêm caindo mais de 70% desde 1970 – ano que a Agência de Proteção Ambiental foi fundada, enquanto o PIB do país tem subido como foguete.

O estudo argumenta que, da mesma forma que os países em desenvolvimento ultrapassaram os telefones fixos para telefones celulares e a banda larga, muitos países poderiam ignorar as versões poluentes da industrialização e aproveitar fontes de energia renováveis, como a energia solar e a geração de energia eólica.

Caso contrário, as estatísticas só piorarão, com o número de mortes devido à poluição do ar ambiente subindo mais de 50% até 2050.

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