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LISTA VERMELHA

Polinizadores em risco: perda de habitat, poluição e alterações climáticas continuam a ameaçar abelhas e borboletas na Europa

14 de outubro de 2025
Filipe Pimentel Rações
3 min. de leitura
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Foto: Anna N Chapman / Wiki Commons

A perda de habitat, a intensificação agrícola, a poluição química e os efeitos das alterações climáticas estão a ameaçar cada vez mais espécies selvagens de abelhas e de borboletas na Europa.

O alerta é feito por especialistas que avaliaram o estado de conservação desses polinizadores para a mais recente atualização da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

As novas estimativas apontam que, atualmente, 10% das espécies de abelhas selvagens na Europa, algo como 172 das 1.928 espécies analisadas, estão em risco de extinção. Esse número é mais do dobro das 77 espécies de abelhas ameaçadas que se registavam em 2014, quando foi feita a última avaliação.

O estudo mostra também que 15 espécies de abelhões e 14 de abelhas do gênero Colletes estão agora classificadas como ameaçadas. Além disso, a abelha Simpanurgus phyllopodus, a única espécie desse gênero que ocorre nas paisagens europeias, está categorizada como “Criticamente em perigo”.

Para as borboletas o cenário não é melhor. Os especialistas indicam que 15% das espécies de borboletas na Europa estão no limiar da extinção, ou seja, 65 das 442 espécies analisadas, quase o dobro das 37 que se registavam nesse estado de conservação em 2010.

No caso das borboletas endémicas, que não se encontram em mais lado algum a não ser no continente europeu, mais de 40% estão agora classificadas como ameaçadas ou na iminência de se tornarem ameaçadas. Uma espécie que só existia na Ilha da Madeira, a Pieris wollastoni, foi oficialmente declarada como extinta.

Ameaças persistem

A IUCN salienta que a perda de habitat continua a ser a principal ameaça abelhas selvagens e às borboletas na Europa, animais que dependem fortemente de paisagens agrícolas tradicionais, como prados ricos em flores que não sejam geridos de forma intensiva.

Assim, a expansão e intensificação da agricultura e da silvicultura, conjugadas com o abandono de terras menos produtivas, estão “a contribuir para a degradação e fragmentação dos habitats cruciais para a sobrevivência dos polinizadores”, alerta a organização internacional.

Como se não bastasse, as alterações climáticas agravam o rol já extenso de ameaças que pairam sobre os polinizadores selvagens na Europa, sendo que esses impactos abrangem já 52% das espécies ameaçadas de borboletas, cerca do dobro do que se registara na última avaliação, feita há 15 anos. Secas mais duradouras, ondas de calor intensas e incêndios de grandes dimensões estão cada vez mais a destruir os habitats dos polinizadores, especialmente no sul europeu.

“Até 90% das plantas com flor na Europa dependem da polinização animal, especialmente das abelhas, que são muito diversas em número e variedade de espécies”, afirma, em comunicado, Denis Michez, da Université de Mons (Bélgica) e coordenador da avaliação das abelhas selvagens.

“Infelizmente, as populações de abelhas selvagens estão em drástico declínio e não podem ser facilmente substituídas por colónias geridas, que representam menos de 1% das espécies existentes e são selecionadas pela sua capacidade para produzirem mel ou polinizar culturas”, acrescenta, avisando que “se as abelhas selvagens desaparecerem, muitas plantas silvestres também poderão estar em risco, das quais prados repletos de flores e belas espécies de orquídeas são apenas alguns exemplos”.

Por seu lado, Martin Warren, diretor da organização Butterfly Conservation e um dos responsáveis pela avaliação das borboletas europeias para a Lista Vermelha, diz que muitas dessas espécies “estão ameaçadas por alterações dos habitats causadas pelo aumento das temperaturas”.

O especialista destaca, contudo, que ainda há esperança para esse grupo de insetos alados, se se assegurar que os seus habitats são “geridos da melhor forma possível” e que as suas populações são “grandes e robustas”.

A avaliação das abelhas e borboletas surge três anos depois da publicação da revisão do estado de conservação de um outro importante grupo de polinizadores selvagens: os sirfídeos, ou moscas-das-flores. De acordo com o relatório de 2022, 37% de todas as espécies de sirfídeos na Europa estão ameaçadas de extinção.

Fonte: Greensavers

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