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PROIBIÇÕES

Polinésia Francesa cria a maior área marinha protegida do mundo

15 de junho de 2025
Kristine Sabillo
3 min. de leitura
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Foto: Sophie Hurel | Wikimedia Commons

A Polinésia Francesa anunciou a criação da maior área marinha protegida do mundo.

Falando no primeiro dia da Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, realizada na França, o presidente da Polinésia Francesa, Moetai Brotherson, declarou que a nova área marinha protegida (AMP) abrangerá toda a zona econômica exclusiva (ZEE) do território — cerca de 4,8 milhões de quilômetros quadrados.

“Temos administrado essa ZEE com sabedoria há séculos, utilizando as técnicas transmitidas pelas gerações anteriores e por nossos ancestrais”, disse Brotherson à revista Time.

A AMP incluirá 1.086 milhão de km² de oceano altamente ou totalmente protegido — uma área duas vezes maior que a França continental. Desse total, cerca de 900 mil km² terão proteção total: 220 mil km² localizados próximos às Ilhas da Sociedade e 680 mil km² perto das Ilhas Gambier. Nessas áreas, a pesca extrativa e a mineração serão proibidas. Outros 186 mil km² formarão uma zona de pesca artesanal, permitindo apenas a pesca com linha tradicional. O restante da ZEE terá proteção menos rígida, mas ainda com restrições a práticas extrativas como a mineração em águas profundas e a pesca de arrasto de fundo, conforme informou a Time.

Brotherson acrescentou que outros 500 mil km² se tornarão áreas altamente protegidas até o Dia Mundial dos Oceanos de 2026.

“Esse nível de ambição é exatamente o que o mundo precisa para ajudar a reverter a maré em favor de oceanos saudáveis e produtivos”, afirmou Razan Al Mubarak, presidente da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), em um comunicado. Ela elogiou a decisão e disse esperar que “isso estabeleça uma nova tendência na criação de AMPs de grande escala e altamente protegidas”.

Segundo o comunicado da UICN, Brotherson também afirmou que a Polinésia Francesa fortalecerá seus planos de gestão pesqueira, incluirá a participação pública e proibirá a mineração em alto-mar e o uso de dispositivos de agregação de peixes (FADs) pelos pescadores.

“Essas águas estão repletas de vida — tubarões, baleias, tartarugas marinhas e recifes de corais entre os mais saudáveis já estudados”, disse M. Sanjayan, CEO da Conservation International, em nota. “Para o povo da Polinésia Francesa, o oceano é tudo: sustenta os meios de subsistência, alimenta as comunidades e é o alicerce da identidade cultural. Protegê-lo é proteger um modo de vida — e oferecer ao mundo um poderoso exemplo de liderança ousada pelos oceanos.”

No início deste ano, uma pesquisa com 1.378 cidadãos da Polinésia Francesa revelou que 92% apoiam a criação de novas áreas protegidas, vistas como uma forma de respeitar os valores culturais e se inspirar nas práticas tradicionais de manejo.

O presidente francês Emmanuel Macron prometeu o apoio do governo francês para o monitoramento da nova AMP. A emissora estatal RFI informou que a proporção das águas francesas sob proteção ou com atividades restritas agora subiu para 78%.

Recentemente, o governo de Samoa também criou nove AMPs, equivalentes a 30% do território oceânico do país, abrangendo habitats de várias espécies ameaçadas, incluindo a criticamente ameaçada tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata).

Traduzido de Mongabay.

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