A policial civil Patrícia Coradini, presidente do Núcleo Bageense de Proteção aos Animais (NBPA), foi homenageada com o título de Cidadã Bageense em sessão solene realizada na Câmara de Bagé, município do Rio Grande do Sul. O evento realizado na segunda-feira (28) gerou polêmica na cidade por ter sido realizado do lado de fora da Casa Legislativa.
Aprovado em outubro de 2020, o título teve entrega adiada por conta da pandemia de coronavírus, que impôs restrições sociais para reduzir a disseminação do vírus. Neste ano, para que a cerimônia acontecesse, a vereadora proponente da homenagem, Beatriz Souza, precisava reunir assinaturas de nove parlamentares, mas conseguiu apenas seis, todas da bancada da oposição. Diante desse impasse, ela decidiu realizar o evento em frente à Câmara e, para isso, planejou uma estrutura que foi montada no local.
A forma como a cerimônia ocorreu foi criticada por apoiadores da policial. Em uma publicação, o jornalista Giovani Grizotti afirmou que a realização ter sido realizada na parte externa é um “constrangimento para a Câmara de Bagé”. O jornalista também criticou as manifestações feitas por supostos criadores de galgos, raça de cães frequentemente explorados e maltratados em corridas que passaram a ser proibidas no Rio Grande do Sul. “Assustador o que se viu ontem em frente a Câmara de Bagé. Integrantes do Núcleo Bageense de Proteção animal foram alvo de um protesto inapropriado e cheio de rancor por supostos criadores de galgos. Naquele momento, ocorria uma homenagem à presidente do Núcleo, a policial civil Patrícia Coradini, que recebeu o título de Cidadã Bageense por sua luta em defesa dos animais, o que inclui os cavalos abandonados pelas ruas. O ato ocorreu no lado de fora, ao relento, porque a Câmara não cedeu espaço interno para que a cerimônia fosse realizada”, escreveu.
“Como se isso não bastasse, os galgueiros raivosos com os ambientalistas, que combateram as corridas, apareceram lá, aos gritos, para atrapalhar a homenagem. Em um dos cartazes, os protetores foram chamados de parasitas”, completou Grizotti, que citou ainda uma fala da vereadora Beatriz, autora da condecoração. “Considerando que, comprovadamente, havia maus-tratos, injeção de drogas para turbinar os cães e até apostas com jogos de azar, eu me pergunto. Quem é o verdadeiro parasita?”, afirmou a parlamentar.
Ao se posicionar sobre o caso, a Câmara Municipal publicou nota por meio da qual afirmou que “em tempo algum proibiu ou negou à vereadora Beatriz Souza ou a qualquer edil legitimamente eleito a fazer o uso das dependências da Casa para qualquer atividade”. “Este é um espaço legítimo do exercício da democracia e assim deve permanecer, como a Casa do Povo, não servindo de meio para retaliações políticas. A direção da Casa segue os ritos do Regimento Interno para a realização de sessão solene de outorga de título de cidadania bageense”, diz o comunicado.
Durante a cerimônia, a vereadora Beatriz Souza reforçou que a homenageada salvou muitas vidas atuando como policial e protetora de animais e que isso motivou a manifestação popular presente no evento. O título foi recebido com satisfação pela policial, que agradeceu o reconhecimento. “Nestes quase 18 anos em que estou em Bagé, trabalhei muito pelos animais, mas especialmente quando comecei a ajudar o Núcleo de Proteção, em 2006. Ouvimos críticas, questionando porque fazemos pelos animais. Quando Jesus disse ama ao teu próximo, ele não estipulou quem seria. Fazemos parte do meio ambiente, no qual todos devemos estar inseridos”, disse.