A Polícia Militar Ambiental (PMA) isolou nesta quarta-feira a área onde uma baleia franca encalhou, na praia do Sol, em Laguna, no litoral sul de Santa Catarina, próximo a Itapirubá. O objetivo é evitar a aglomeração de curiosos próximo ao animal.
Há suspeita de que a baleia tenha encalhado por estar doente. A medida pretende evitar que as pessoas possam se contaminar com alguma bactéria por meio da água do mar.
De acordo com a bióloga Karina Groch, diretora de pesquisa do Projeto Baleia Franca, a tentativa de resgate da baleia foi encerrada nesta quarta-feira por volta de 19h. Os trabalhos devem ser retomados nesta quinta-feira às 6h.
A Polícia Militar Ambiental (PMA) tenta resgatar a baleia desde terça-feira de manhã, quando foi avisada por volta de 9h por um pescador.
Tentativa de resgateDurante toda a quarta-feira foram feitas tentativas com cordas para tentar remover o mamífero, que tem cerca de 15,8 metros de comprimento e peso entre 40 e 50 toneladas. A maré alta, que poderia ajudar a baleia a desencalhar, acabou enterrando-a ainda mais.
Segundo o major comandante da PMA de Laguna, Jefer Francisco Fernandes, eles não conseguiram um rebocador para retirar o animal. Mesmo com a ajuda do barco, o trabalho é complexo, porque o mar está agitado, e a baleia está bem perto da areia. O rebocador teria que ficar a poucos metros da praia ou contar com cabos longos para puxá-la.
“A situação dela é bem complicada, há chance só se ela tiver uma mudança de quadro drástica”, diz Fernandes.
Segundo a bióloga Karina Groch, sem um barco será muito difícil remover a baleia. Nesta quinta-feira, pode haver durante a tarde uma tentativa de uso de embarcação para desencalhar o animal.
De acordo com o major, o mamífero devia estar debilitado quando encalhou. As baleias-francas, explica, estão acostumadas a nadar em águas rasas. Quando elas encalham, é porque geralmente estão doentes ou fracas.
Mesmo com muitos curiosos na praia, uma espécie de força-tarefa para empurrar o animal para a água seria perigoso. De acordo com Fernandes, um movimento de cauda da baleia poderia machucar as pessoas. Além disso, ao redor dela, há buracos de até um metro e meio, e um voluntário poderia cair e se afogar.
Eutanásia
Karina Groch diz que, como a baleia está deitada sobre os próprios pulmões e não teve condições de sair sozinha, acabou desenvolvendo problemas respiratórios.
O sacrifício da baleia-franca foi cogitado nesta quarta-feira caso as tentativas de remoção fracassem. O procedimento seria uma forma de aliviar o sofrimento do mamífero, que poderia demorar mais dois ou três dias para morrer de forma natural.
“Uma médica veterinária do Associação R3 Animal tem experiência com cetáceos e está acompanhando conosco a situação deste encalhe. Se esgotarmos todas as tentativas de resgate e o animal continuar encalhado e cada vez mais debilitado, teremos que optar pela eutanásia, utilizando uma alta dosagem de anestésicos, sem qualquer sofrimento ao mamífero”, disse a bióloga.
Curiosos
O encalhe da baleia-franca na fez centenas de pessoas descobrirem um local deserto, sem nenhum tipo de infraestrutura, frequentado apenas por pescadores ou motoristas que fazem passeios arriscados próximos do mar.
Nunca se viram tantos carros estacionados no mesmo lugar como nos últimos dois dias. Policiais militares foram deslocados para a área para controlar o intenso movimento.
Chegar até o local onde está a baleia não é tão simples e seguro. Foram vários os veículos que, na tentativa de evitar atolar na areia molhada pelas ondas, acabaram por ficar presos nas pequenas dunas.
“É pior que o barro, pois quanto mais acelera mais a roda afunda na areia fofa”, conta um motorista que passou por esse problema e precisou da ajuda de voluntários dispostos a dar uma “forcinha” para tirar o carro do local.
Na manhã desta quarta-feira, quando a baleia-franca estava bem perto da areia, dezenas de veículos estavam estacionados naquele ponto deserto da praia. Famílias inteiras, casais e motoristas sozinhos foram ao local. Eram raras as pessoas que não tinham uma máquina digital ou celular para fazer uma fotografia do fato incomum.
Fonte: Zero Hora