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MATO GROSSO

Polícia investiga caso de decapitação de onças no Pantanal

14 de abril de 2023
3 min. de leitura
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Foto: Reprodução

A Polícia Civil de Mato Grosso investiga a decapitação de pelo menos duas onças-pintadas que teria ocorrido em Cáceres, na região do Pantanal. Um vídeo que mostra duas cabeças no chão e um terceiro felino amarrado viralizou, causando revolta entre ambientalistas, e gerou a investigação.

A origem da gravação, porém, ainda é uma incógnita, já que não se tem certeza de onde possa ter sido realizada.

Um vaqueiro (funcionário responsável pelo manejo do gado) de 59 anos, de Várzea Grande (MT), é investigado pela Polícia Civil. O celular dele e os de outras duas pessoas foram apreendidos para apurar se há ligação com a caça e se podem levar à autoria da gravação.

O vídeo começou a circular pelo WhatsApp a partir do dia 27 de março no estado. As imagens são fortes e mostram as cabeças das duas onças próximas de um felino amarrado. Perto deles, há três cachorros latindo e uivando. A polícia pediu ajuda da população, para que enviasse denúncias.

Segundo a delegada Liliane Murata, titular da Delegacia de Meio Ambiente, a principal denúncia foi feita por um freteiro, que disse ter sido contratado pelo vaqueiro, em março, para fazer uma viagem de Cuiabá a Cáceres (MT). O homem afirmou que os cachorros levados pelo vaqueiro eram muito parecidos com os que aparecem nas imagens.

De acordo com a delegada, o freteiro também relatou a conversa que tiveram durante a viagem. O suspeito teria dito que foi contratado como vaqueiro para trabalhar em uma fazenda de Cáceres, mas também ganharia R$ 5.000 por cada onça que matasse.

No dia 31 de março, o vaqueiro foi preso na BR-070, em Cáceres, inicialmente, por maus-tratos aos quatro cachorros da raça Americano que estavam sendo levados na carroceria da caminhonete.

Com base nas características dos animais, também foi interrogado na investigação sobre as onças. Ele negou qualquer envolvimento com a decapitação de felinos.

No dia 2 de abril, a Polícia Civil deflagrou a operação Março Negro, cumprindo mandados de busca e apreensão em endereços de Cáceres e Várzea Grande, entre eles, a casa do vaqueiro.

Na casa dele, a polícia encontrou chifres de cervo e munição. “Que ele é caçador, a gente sabe que é, pelo que encontramos na casa”, disse a delegada. Porém, não foram detectados indícios de que o suspeito teria ligação com a decapitação das onças-pintadas.

Também no dia 2, o vaqueiro passou por audiência de custódia e, novamente, negou ser o autor do episódio com as onças. Indiciado pelos maus-tratos aos cachorros, ele foi liberado, por decisão da Justiça de Cáceres.

A investigação agora depende do que pode ser encontrado nos telefones celulares apreendidos na operação. Além do aparelho do suspeito, foram confiscados o da esposa dele e de um ex-colega de trabalho na fazenda de Cáceres.

Alguns arquivos foram apagados e foi pedida urgência à perícia para a checagem dos dados.

“Chegamos em um ponto que não avançamos agora, vai depender do celular”, disse Murata. A equipe da Dema (Delegacia Especializada do Meio Ambiente) esteve em Acorizal e Cáceres, tentando rastrear a origem do vídeo, mas nada foi encontrado.

O fazendeiro que contratou o vaqueiro colaborou nas investigações e não é considerado suspeito. Na checagem de conversa entre os dois, não foram encontrados indícios de suposto envolvimento na contratação do vaqueiro como caçador.

Após a divulgação da suspeita, ele demitiu o funcionário, que trabalhou na fazenda por menos de um mês.

Um novo interrogatório do vaqueiro, segundo a delegada, agora depende da perícia. Na condição de investigado, não há qualquer impedimento de que ele se ausente da cidade.

As imagens das onças decapitadas circularam nas redes sociais e revoltaram ambientalistas nas últimas semanas.

O Instituto SOS Pantanal participa de abaixo-assinado pedindo o andamento do projeto de lei 968/2022, que prevê pena de três a cinco anos de prisão para quem caçar e matar felinos brasileiros. O projeto está na Câmara dos Deputados. Da meta de 75 mil assinaturas, a petição chegou a 70,7 mil até o início da tarde desta quinta-feira (13).

Fonte: Folha de SP

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