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Polícia de SC diz está em alerta contra farristas

21 de março de 2010
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Há pelo menos duas certezas sobre a farra-do-boi. A corrida atrás dos animais é tradicional. O registro mais antigo aponta para uma farra ocorrida em Tijucas, em 1874, conforme os estudos do antropólogo Eugênio Lacerda. Mas os historiadores estimam que há 260 anos a prática existe nas praias e no campo do litoral de SC anualmente, na Sexta-Feira Santa. Outra certeza é que organizar e participar da farra é crime.

Com base na lei, a Polícia Militar já está atenta há duas semanas para prevenir e reprimir a ação dos farristas. As barreiras são móveis, mas ficam prioritariamente entre Navegantes e o Sul de Florianópolis. Algumas barreiras são marinhas, com botes e um barco da Polícia Ambiental. Outras são montadas em cidades de onde vem o boi, como Antônio Carlos, Águas Mornas e até Brusque. A farra-do-boi passou a ser considerada crime em 1997, quando o Supremo Tribunal Federal considerou a prática uma crueldade contra os animais, proibindo a realização mesmo em mangueirões.

A repressão provoca polêmica. Antigos farristas defendem o que chamam de brincadeira. Do outro lado, ambientalistas dizem que não há nada de inocente na corrida atrás do boi. Aos 74 anos, o lavrador Agenor Pereira não consegue entender a proibição. Morador de Governador Celso Ramos, ele lembra de quando o pai o levava para correr atrás do boi. “A primeira vez que meu pai me deixou ir, eu tinha oito anos. Ele sempre dizia para gente trepar na árvore, no começo, quando o boi era solto, porque ele estava muito bravo. Depois, a gente podia brincar”, diz Agenor.

O ambientalista Halem Guerra Nery, presidente do Instituto Ambiental Ecosul, é radicalmente contra a farra. “Existe um componente de tradicionalismo, porque a farra é praticada há muito tempo. Mas eu não posso ver como cultural um evento que sacrifica animais, que faz sangrar”, defende. Para Nery, existe a pressão psicológica que o bicho sofre ao se ver acuado por uma multidão. “Ele se joga em arame farpado, fere-se. É uma crueldade”, afirma.

Fonte: A Notícia

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