A polícia norueguesa afirmou nesta segunda-feira não haver indícios de que a baleia beluga Hvaldimir foi morta a tiros, como denunciaram duas ONGs do país. Hvaldimir, um cetáceo branco descrito como jovem e com boa saúde, foi encontrada morta em 31 de agosto na costa sudoeste, perto de Risavika.
Seus restos mortais foram transportados para uma filial local do Instituto Veterinário Norueguês para uma autópsia. Com base num relatório preliminar do procedimento, a polícia local disse não haver indícios de que a morte se deveu a alguma “atividade humana”. Sugeriu em vez disso, que a beluga pode ter morrido de fome.
“Nenhum resultado da autópsia indica que Hvaldimir foi baleado”, disse o policial Amund Preede Revheim, em comunicado. “Uma das feridas é um pouco mais profunda, mas o dano não afetou órgãos vitais e não representou risco de vida”.
A polícia disse que o corpo do animal tinha ferimentos “totalmente superficiais”. Os investigadores não confirmaram as causas da morte de Hvaldimir, mas especificaram que uma vara de 35 centímetros de comprimento e 3 centímetros de espessura ficou alojada na boca do cetáceo.
“A autópsia revelou que seu estômago estava vazio. Além disso, a maioria dos órgãos estava danificada”, diz a nota, assinada por Revheim.
Na semana passada, as organizações de direitos dos animais NOAH e One Whale apresentaram uma queixa à polícia na qual citavam suspeitas de que o animal havia sido abatido a tiros.
“Ela tinha vários ferimentos de bala”, disse na ocasião à AFP Regina Crosby Haug, que afirmou ter visto o corpo da baleia na segunda-feira.
Hvaldimir aparentava ter entre 15 e 20 anos. As belugas vivem normalmente entre 30 e 35 anos, de acordo com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF).
Crosby Haug dirige a One Whale, uma ONG criada especialmente para acompanhar os movimentos do cetáceo, que se tornou uma celebridade na Noruega.
“Seus ferimentos são alarmantes e de uma natureza que não pode excluir um ato criminoso”, comentou o líder da Noah, Siri Martinsen, em comunicado. “Se houver suspeita de um ato criminoso, é crucial que a polícia intervenha rapidamente.”
Com idade estimada entre 15 e 20 anos no momento de sua morte, Hvaldimir foi avistada pela primeira vez em abril de 2019, na região ártica de Finnmark, no extremo norte da Noruega, alarmando inicialmente os pescadores.
Ela usava um enigmático arnês na cabeça, equipado com uma base para uma pequena câmera, com o texto “Equipamento St.Petersburg” impresso em inglês nas tiras de plástico. Isto levou à especulação de que se tratava de um animal explorado para espionagem, o que lhe valeu o nome de Hvaldimir, um jogo de palavras que combina a palavra baleia (hval, em norueguês) e o nome do líder russo, Vladimir Putin.
Moscou nunca comentou oficialmente essas especulações.
Baleia achada morta
Sebastian Strand, fundador da organização sem fins lucrativos Marine Mind, disse que viu a baleia morta flutuando perto de Risavika, no sudoeste da Noruega. Segundo ele, havia marcas ao redor da baleia que poderiam ter sido feitas por pássaros ou outros animais marinhos.
“É de partir o coração”, disse. “Ela tocou o coração de milhares de pessoas aqui na Noruega”.
Strand acrescentou que trabalhava para enviar Hvaldimir para uma instalação onde a carcaça pudesse ser preservada por tempo suficiente para tentar determinar a causa da morte. Segundo algumas estimativas, a baleia tinha cerca de 4,2 metros de comprimento e pesava cerca de 1.227 quilos.
Fonte: O Globo