EnglishEspañolPortuguês

Polícia Civil apura morte de mais de 40 cães em feira de Belo Horizonte (MG)

21 de junho de 2015
4 min. de leitura
A-
A+

Venda de animais ocorre há anos na Feira Hippie: suspeita é de morte por contaminação
Venda de animais ocorre há anos na Feira Hippie: suspeita é de morte por contaminação

A Polícia Civil investiga a morte de mais de 40 cães resgatados em uma operação da Prefeitura de Belo Horizonte na Feira de Artesanato da Avenida Afonso Pena, a Feira Hippie. Em 26 de abril deste ano, 88 cachorros e duas calopsitas foram retirados de seus responsáveis por irregularidades na comercialização. Os animais foram levados para um abrigo em Contagem, na Grande BH. Uma semana depois, quase metade dos cães morreu. O inquérito apura se houve maus-tratos dos animais por parte dos comerciantes e possível negligência por parte da PBH e do abrigo, responsáveis pela guarda e proteção dos animais depois do resgate.
Policiais devem ouvir nos próximos dias funcionários da Prefeitura de Belo Horizonte e militares que participaram da operação. O caso voltou à tona durante audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na semana passada, quando um dos participantes denunciou que parte dos cães havia morrido depois de serem confiscados.
A delegada Margaret de Freitas Assis Rocha, da Divisão Especializada de Proteção ao Meio Ambiente (Dema), é a responsável pelas investigações. Ela revelou que a perícia esteve no abrigo para onde os animais foram levados e constatou que aproximadamente metade dos filhotes morreu. Por isso, além dos comerciantes, a PBH e o abrigo podem ser responsabilizados. “A princípio, seriam investigados os maus-tratos por parte dos comerciantes. Mas, como no decorrer do trabalho policial aconteceram óbitos dos animais, isso também será investigado. Todos podem ser responsabilizados na esfera criminal e cível”, explica a delegada.
O comandante da Companhia de Polícia Militar do Meio Ambiente, capitão Juliano José Trant de Miranda, esteve na audiência pública na ALMG. Militares da companhia e veterinários participaram da operação em abril e observaram as condições dos cães. “A maioria deles sem dentição, filhotes sem vacinação, em situação precária”, detalha o capitão Trant. “Quando um cão daqueles está doente, espalha para os outros rapidamente”. Segundo ele, havia animais com sinais de maus-tratos. “Tem o relato fotográfico. Você vê as fotos dos animais com caudas cortadas, sem dentes”. As imagens foram repassadas ao Ministério Público e à Polícia Civil.
Contaminação
Um médico veterinário que prefere não se identificar contou à reportagem que a principal suspeita é de que os animais tenham morrido em função de uma contaminação anterior ao resgate. “Fiz o laudo dos cães quando eles foram retirados da feira. Após a operação feita pela prefeitura, parte deles apresentava sintomas de cinomose e parvovirose. Eles já passaram por necropsia para confirmar a causa das mortes”, revela. As duas doenças são contagiosas e o risco de vida é alto se houver contaminação. No caso da infecção por parvovirus, o cão sofre com a desidratação, por causa da grande perda de líquidos em função de vômitos e diarreia. Também há febre e o organismo do animal tem sua capacidade de lutar contra infecções muito reduzida.
A cinomose também é causada por um vírus e atinge vários órgãos dos cachorros infectados. De fácil transmissão, provoca perda de apetite, vômito, diarreia, falta de coordenação, secreção no nariz e olhos, febre e apatia. O tratamento é difícil: o cachorro deve ser isolado e receber antibióticos para auxiliar no combate a infecções secundárias. Apesar disso, a taxa de mortalidade é muito alta, principalmente entre filhotes.
A responsabilidade da PBH e do abrigo pode se dar por negligência. “Se todos os animais não estivessem juntos, talvez não teria morrido nenhum. Tem que ver se a ação foi satisfatória. Por exemplo, será que se cada animal tivesse ficado com seu proprietário não teriam sido preservadas as vidas de outros animais? Talvez a morte possa ter ocorrido pelo fato de estarem ali juntos”, comentou Margaret de Freitas.Destino dos cães.
Venda irregular e maus-tratos
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) também apura a venda irregular e a suspeita de maus-tratos contra os animais. Em nota, o órgão informou que “a promotoria não recebeu nenhuma denúncia até o momento contra o abrigo e nem sobre a morte de cães. Entretanto, durante a investigação, caso surja outro assunto relacionado ao caso, serão tomadas providências.” Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que apreensão ocorreu em cumprimento ao Código de Posturas. Disse ainda que os animais estão sob a guarda de um depositário fiel, e que a devolução foi prorrogada a pedido da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente. Segundo a PBH, assim que o MP liberar a entrega, “os interessados serão comunicados para que façam o resgate”.
Fonte: Estado de Minas

Você viu?

Ir para o topo