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Polícia Ambiental interdita campo de futebol para proteger ninho de quero-quero

27 de fevereiro de 2010
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Foto: Edson Martins

Um casal de quero-quero ganhou a atenção dos frequentadores do Centro Esportivo e Recreativo (CER) do Socorro, em Mogi das Cruzes, desde a última quinta-feira. Um ninho com quatro ovos provocou a interdição do campo de futebol do local.

A medida foi adotada após ação da Polícia Ambiental que registrou um Boletim de Ocorrência para evitar a utilização do espaço por um período de 20 dias. Assim, o portão de acesso ao gramado foi trancado com um cadeado e o fato impediu a realização de duas partidas de futebol, programadas para este domingo, que marcariam a abertura do Campeonato Sub-21 da Liga Municipal de Futebol de Mogi das Cruzes (LMFMC).

Na última quinta-feira, o caseiro do CER, Mário Daniel Lucherine, podava a grama do campo quando foi surpreendido por voos razantes e sons assustadores, técnicas de defesa do ninho, utilizadas pelas aves.

Foto: Reprodução/Globo Esporte

A agitação chamou a atenção do 1º Batalhão da Polícia Ambiental, localizado nas dependências do Centro Esportivo. “Eu estava na base e verifiquei que no campo havia o ninho. Imediatamente, fui até o responsável e recomendei a paralisação dos serviços até que a ave chocasse os ovos, o que deve levar mais uns 20 dias”, informou um dos policiais.

“Existe uma lei federal que impede a retirada ou a destruição de ninhos de aves silvestres. Estamos cumprindo a legislação”, disse o cabo Angelico Gustavo referindo-se ao artigo 29 – parágrafo 1º inciso II da Lei Federal 9605/98. Segundo o militar, as aves saem do local assim que nascem os filhotes. “Os quero-queros fazem ninho em qualquer ponto onde há uma grama rasteira. O campo estava com grama alta há dois meses e a ave julgou que lá seria um ponto seguro”, explicou.

O cabo Gustavo disse que o administrador do centro esportivo sensibilizou-se com o ninho e aceitou prontamente a recomendação. “Naquele espaço não poderá haver nenhum tipo de atividade esportiva e o corte da grama é permitido desde que se respeite um raio de 10 metros de distância do ninho”, informou o militar.

Este parece ser, realmente, o raio de proteção da ave. Basta atingir um certo ponto do gramado em direção ao ninho para as aves começarem a voar pela proteção do ninho. “O pássaro de fato é arisco”, detalhou o cabo. “Se chegarem perto do ninho ela vai dar os rasantes”, frisou.

O goleiro Flávio Samuel mostrou-se contra a interdição. “Acho que deveria ter o jogo normalmente. É só dar as costas que elas vêm e desviam”, garantiu. Apesar de garantir uma bela distância das aves, o goleiro salientou que é normal ter a presença de Quero-quero nas partidas. “Jogo aqui faz tempo e sempre tivemos a companhia delas. Elas não fazem nada”, ressaltou o goleiro Flávio Samuel.

Até o presidente da Liga, Marcos Schiripa esteve no centro esportivo e disse que a rodada programada para o campo do Socorro será remarcada.

De acordo com a Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Mogi, técnicos e biólogos da Secretaria do Meio Ambiente vão observar o local na próxima segunda-feira para verificar se existe a possibilidade de transferir o ninho sem causar nenhum tipo de problema para as aves.

Nota da Redação: O que o goleiro Flávio Samuel parece não ter compreendido, é que a Polícia Ambiental, em cumprimento da Lei Federal citada, por incrível que pareça, não está agindo em benefício dos jogadores ou pela preocupação com o risco de as aves machucarem os atletas. Ainda que a informação pareça inusitada, dado o histórico brasileiro de falta de respeito aos animais somado à supervalorização de jogadores de futebol, as autoridades interditaram o campo e impediram os jogos para proteger as aves e seus ovos e não os homens. É provável que o mesmo histórico seja o responsável pela atitude ansiosa de tentar transferir o ninho para que o Flávio e seus companheiros não precisem esperar o tempo das aves.

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