A Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Cipam), ainda não sabe qual será o destino dos 72 galos apreendidos na madrugada de ontem, em uma rinha localizada no loteamento Espírito Santo, zona rural de Ceará-Mirim, Grande Natal. Mais de 30 pessoas estavam acompanhando as brigas de galos no local, segundo a Polícia ambiental. No entanto, apenas três foram encaminhadas para a Delegacia de Plantão da Zona Norte, onde assinaram um termo circunstanciado de ocorrência (TCO) pelo crime ambiental.
A rinha estava funcionando há cerca de dois meses na residência de Raimundo Barbosa Oliveira, 34 anos, um dos que assinou o TCO. Ele, contudo, afirmou que não apostava nos galos. Lucrava apenas com a venda de bebidas e tira-gostos. “A questão é que na casa, encontramos um local onde ele criava 30 galos de briga”, afirmou o tenente Carlos Bezerra, que comandou a operação.
Além da rinha, a Cipam apreendeu na operação bicos e esporas de ferro, colocadas nos galos para causar maior ferimento no “adversário” durante a briga, anabolizantes, analgésicos e mais de R$ 6 mil em dinheiro.
“O valor é provavelmente resultado das apostas. Os medicamentos são dados aos galos para que eles suportem mais as brigas. Neles, também são aplicados os anabolizantes, para que fiquem maiores e mais fortes”, afirmou o tenente Bezerra.
Sobre como se chegou a operação, o tenente Bezerra afirmou que o trabalho foi resultado de uma investigação antiga. “Já tínhamos a informação de que essa rinha estava funcionando, mas só queríamos realizar a operação quando realmente valesse a pena. Chegar ao local para apreender apenas um galo, não adiantaria muito”, contou. Na noite de sexta-feira, a Cipam recebeu uma denúncia sobre o local, mandou um policial a paisana observar e, com a informação, a operação pôde ser realizada.
“Cercamos as saídas do local, que é de difícil acesso, e entramos com rapidez na casa para fazer o flagrante. Alguns pessoas ainda conseguiram escapar, mas mesmo assim 30 ficaram para averiguação”, afirmou o tenente. Além de Raimundo Barbosa, ficaram detidos também Gilmar Araújo Rocha, 26, e João Adriano Inácio Pereira, 32. “Depois que as pessoas foram ouvidas, constatamos que esses três eram os responsáveis pelo negócio”.
A briga de galo é uma prática considerada crime ambiental e se enquadra no artigo 32 da Legislação Ambiental. O artigo condena “o ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos” e prevê pena de detenção de três meses a um ano, além de multa. “No entanto, como a pena de prisão é menor que dois anos, eles são encaminhados para a delegacia e assinam um TCO. Posteriormente, são chamados por um juiz para prestar esclarecimento e, então, será decido se haverá punição ou não”, explicou o tenente.
Os galos ainda não têm destino certo. Eles ficarão até segunda-feira amarrados (para não se ferirem) e em gaiolas montadas na sede da Cipam, no Parque das Dunas. Depois, serão encaminhados para o Ibama, que definirá o que será feito com eles. “Realmente, eu não sei para onde vão. Não podem ser soltos na natureza, assim como também não serve para o alimento, pois consumiram muito anabolizante. Talvez sejam sacrificados, não sei”, afirmou o tenente.
Fonte: Tribuna do Norte