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Mais da metade do plástico que polui oceanos vem de redes de pesca

11 de agosto de 2018
3 min. de leitura
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Nos últimos meses, vários restaurantes, cidades e estados têm planos de reduzir ou proibir canudos. O motivo: cada vez mais os cientistas e ativistas se preocupam com a quantidade de plástico acumulado nos oceanos, e como isso tem afetado a fauna e a flora marinhas.

Reduzir a poluição por plástico é importante para os ecossistemas marinhos em qualquer nível. Mas os canudos são apenas uma mera fração do total desse lixo. Foi isso que comprovou uma pesquisa feita para a campanha Ocean Cleanup. De acordo com os dados, mais da metade do plástico (46%) é proveniente de redes de pesca; outros equipamentos da indústria pesqueira chegaram em segundo lugar.

Reprodução | LiveKindly

O estudo foi conduzido em uma área chamada de ‘Great Pacific Garbage Patch’, que nada mais é do que uma ilha flutuante virtual de detritos de plástico. “O impacto desse lixo vai muito além da poluição”, observa Adam Minter, da Bloomberg. “O equipamento fantasma, como às vezes é chamado, continua a pescar muito depois de ter sido abandonado, em detrimento dos habitats marinhos”.

As redes de pesca não são apenas prejudiciais como lixo, mas às vezes elas continuam ativas, fazendo com que os animais corram risco de captura, já que eles podem ficar presos nas teias de plástico – elas podem chegar a quilômetros de distância. Eles também podem entrar nas redes abandonadas, ficando emaranhados e sufocados no ‘equipamento fantasma’.

A questão está adicionando combustível à ira de grupos e ativistas pelos direitos animais e também de proteção dos oceanos. A sobrepesca está desencadeando um rápido declínio da vida marinha, à medida que a poluição do plástico aumenta; alguns especialistas estimam que veremos mais plástico nos oceanos do que peixes nas próximas três décadas.

É irônico então que empresas como a Disney, o McDonald’s e a Starbucks, com todos os planos para remover ou substituir canudos de plástico nas últimas semanas, como uma preocupação com a situação dos oceanos, ainda sirvam peixe e frutos do mar. Adam Minter diz que é um problema “complicado”, embora hajam esforços desde a década de 1990 para fiscalizar a pesca e manter as empresas responsáveis.

“Combinado com melhores instalações para descartar tais equipamentos – idealmente através de reciclagem – e penalidades para o lançamento ao mar, esse sistema poderia ajudar bastante a reduzir os resíduos marinhos. Os países pertencentes à Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura chegaram a concordar com as diretrizes do processo”, ele acrescenta.

“Em 1990, depois de anos de pressão do consumidor, as três maiores empresas do mundo concordaram em impedir a captura intencional de golfinhos. Logo depois, eles introduziram um selo de certificação ‘seguro para os golfinhos’ e as mortes de golfinhos relacionadas ao atum diminuíram de forma abrupta”, escreve Minter.

“Uma campanha semelhante para pressionar as empresas globais de frutos do mar a adotar práticas de marcação de marchas – e ajudar regiões em desenvolvimento para elas – poderia ter um impacto ainda mais profundo. Consumidores e ativistas energizados em países ricos poderiam desempenhar um papel crucial em tal movimento”, finaliza.

Por mais que as empresas estejam mostrando esforços para combater a destruição do planeta, seria importante que elas se posicionassem de maneira realmente efetiva, como proibindo o comércio de produtos com ingredientes de origem animal.

Com a pecuária sendo responsável pela maior emissão de gases estufa na atmosfera, e as redes provenientes da pesca sendo mais da metade dos resíduos plásticos encontrados na água, não há mais dúvidas sobre a necessidade urgente de uma mudança cultural, uma conscientização sobre os benefícios de uma dieta vegana. Pelos animais, pelas pessoas e pelo planeta.

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