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AMEAÇA

Plano da Petrobras para perfuração na Foz do Amazonas falha em proteger animais, aponta Ibama

Uma simulação revelou deficiências graves no resgate da fauna em caso de vazamento de óleo, colocando em risco a biodiversidade amazônica.

26 de setembro de 2025
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Casa na beira de rios perto da Foz do Amazonas, no Amapá. Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

O avanço da Petrobras sobre a bacia da Foz do Amazonas voltou a expor o custo ambiental que pode recair sobre animais e ecossistemas. Em simulação realizada no fim de agosto, o Ibama concluiu que a estatal não foi capaz de executar de forma satisfatória o próprio plano de resgate de fauna em caso de acidente com derramamento de petróleo.

O parecer técnico da Avaliação Pré-Operacional (APO) do Ibama diz o plano da Petrobras é incapaz de garantir o atendimento adequado aos animais que seriam contaminados em um desastre. A sentença do relatório é clara, a falência do plano “poderá resultar em perda maciça de biodiversidade, levando estes animais à morte”.

O exercício simulou um ataque hacker que provocou a desconexão emergencial da sonda e consequente vazamento de óleo. Durante a resposta, a equipe avaliadora identificou falhas graves, como a dificuldade em cumprir o prazo máximo de 24 horas para levar animais atingidos a centros de tratamento, operações noturnas inseguras no rio Oiapoque e falta de equipamentos básicos, como gelo e bolsas térmicas. Além disso, a Petrobras não priorizou o resgate de animais com maior chance de sobrevivência.

O documento mostra o risco de permitir que a estatal avance sobre uma das regiões mais sensíveis e biodiversas do planeta sem condições reais de proteger a fauna. É uma ameaça direta à vida marinha e aos ecossistemas costeiros, um retrocesso em qualquer perspectiva de responsabilidade socioambiental.

A fragilidade da estrutura de resgate já havia sido apontada pelo Ibama em etapas anteriores do licenciamento, chegando a motivar recomendação técnica pelo arquivamento do processo, decisão revertida pelo presidente do órgão, Rodrigo Agostinho. Mesmo diante das falhas, a APO foi aprovada, sob a condição de que a Petrobras apresente ajustes.

A perfuração na Foz do Amazonas é uma roleta-russa ecológica. O plano de emergência para a fauna, a última linha de defesa para incontáveis vidas, mostrou-se falho.

Seguir adiante com base em promessas de ajustes é uma aposta irresponsável com seres que não podem vocalizar seu próprio protesto. É a condenação prévia de uma biodiversidade única, tratada como moeda de troca em um projeto cujos riscos superam em muito seus supostos benefícios. Os animais merecem a garantia de que serão protegidos a qualquer custo.

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