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AQUÁTICAS

PL que institui a população de aves limícolas como patrimônio natural é aprovado em Ilha Comprida (SP)

Município é o primeiro do litoral paulista a considerar a população nativa de aves limícolas, residentes e migratórias, como patrimônio da cidade.

3 de julho de 2024
Kauan Panontin
5 min. de leitura
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Foto: nilrodrigues/iNaturalist

A Câmara Municipal de Ilha Comprida, no litoral paulista, aprovou na última terça-feira (25), um projeto de lei que declara como patrimônio natural no município a população nativa de aves limícolas residentes e migratórias.

Projeto de Lei 092/2024, aprovado após quatro alterações, institui a “Semana municipal das Aves Migratórias e Aves Limícolas no município de Ilha Comprida” a ser comemorado anualmente no segundo sábado do mês de outubro ao terceiro sábado.

Segundo a SAVE Brasil, aves limícolas são um grupo de espécies aquáticas que utilizam zonas entremarés e ambientes próximos a corpos d’água e alagados de pouca profundidade, ao longo da costa e também em águas interiores.

Durante esta semana, o município de Ilha Comprida e os órgãos públicos municipais poderão realizar eventos culturais, esportivos, ambientais e turísticos destinados a promover o conhecimento da importância ambiental das aves migratórias e aves limícolas e seus habitats.

O PL também aborda a promoção de campanhas educativas nas escolas, programas de educação ambiental produção de material didático sobre as espécies. A proposta foi inspirada em um trabalho de conservação que começou na cidade de Peruíbe, a 122 km de Ilha Comprida.

Pioneiro no litoral paulista, o projeto de lei surgiu através do projeto Aves Limícolas, do GOA Peruíbe (Grupo de Observadores de Aves de Peruíbe), que conta com mais de 60 observadores de aves, e do COA Ilha Comprida (Clube de Observadores de Aves).

O biólogo e ornitólogo Bruno Lima, também diretor do projeto Aves Limícolas, explica as ações positivas que podem ser realizadas através desse projeto de lei.

“É um marco para o ambientalismo na conservação do litoral de São Paulo, sendo o primeiro município no litoral a considerar as aves como patrimônio municipal. Isso quer dizer que agora a cidade está passiva a receber verba para realizar festivais e pesquisas na área, além de movimentar o turismo e a conservação das aves”, conta Bruno.

O diretor do projeto conta que eles também trabalham com aves migratórias, por isso não faria sentindo atuarem apenas em um lugar, e assim decidiram levar o projeto para Ilha Comprida.

“Escolhemos a cidade de Ilha Comprida porque é a cidade do litoral de São Paulo que mais recebe aves limícolas, principalmente as neárticas, que vem do Polo Norte”, explica o ornitólogo.

Bruno e sua esposa, Karina Ávilla, bióloga e diretora do projeto Aves Límicolas, participam ativamente de outras iniciativas. No início do ano, a bióloga sugeriu a cidade de Peruíbe a concorrer ao título de “Cidade das aves”, nomeação internacional concedida pelas organizações American Bird Conservancy (ABC), Enviroment for the Americas (EFTA) e US Fish & Wildlife Service.

Para concorrer ao título, as cidades interessadas devem cumprir com alguns requisitos:

  • Não ter praias pet friendly (a cidade realiza um trabalho de educação ambiental nas praias que orienta os banhistas a não trazerem cães);
  • Ter um grupo que atua na proteção das aves (o projeto Aves Limícolas atua há cinco anos com pesquisa e educação ambiental);
  • Celebrar o Dia Mundial das Aves;
  • Possuir áreas de proteção ambiental.

Segundo o ornitólogo, o único requisito faltante para a cidade no momento da inscrição era a ave símbolo do município e, para decidir isso, foi realizado uma votação com a população e a coruja-buraqueira (Athene cunicularia) acabou sendo a escolhida.

Após completar todos os requisitos, Peruíbe deve receber o título de “Cidade das Aves” no mês de setembro.

Bruno ainda comenta sobre um projeto futuro a ser realizado em Ilha Comprida e Peruíbe que consiste no monitoramento de piru-piru (Haematopus palliatus), uma ave ameaçada no estado de São Paulo.

Fonte: g1

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