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DESTRUIÇÃO AMBIENTAL

PL da Devastação pode facilitar exploração de minérios estratégicos às custas do meio ambiente

PL da Devastação pode facilitar exploração de minérios estratégicos às custas do meio ambiente

19 de junho de 2025
3 min. de leitura
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Foto: André Koehne

Repórter Brasil detalhou como o “PL da Devastação” (Projeto de Lei (PL) 2.159/2021) aprovado pelo Senado estabelecendo um novo marco para o licenciamento ambiental pode favorecer a exploração de minérios estratégicos com significativos riscos ambientais.

O texto simplifica procedimentos para projetos considerados essenciais à transição energética, como extração de lítio, cobalto e terras-raras, permitindo até licenciamento automático baseado em autodeclaração para empreendimentos de médio impacto – categoria que incluía a barragem de Brumadinho antes do rompimento que matou 272 pessoas em 2019.

Duas emendas aprovadas no Senado ampliam as preocupações: uma cria a Licença Ambiental Especial para acelerar projetos “estratégicos” independentemente do risco ambiental; e outra remove proteções específicas para mineração de grande porte.

O projeto também enfraquece a proteção de 259 Terras Indígenas e 1.553 Territórios Quilombolas em processo de demarcação. Kleber Karipuna, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, alerta que “o discurso da transição energética está sendo usado como máscara para aprovar a toque de caixa medidas que impactam nossos territórios”.

O setor minerador mostra-se dividido sobre a proposta. Apesar do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) defender a agilização dos processos, seu diretor-presidente, Raul Jungmann, reconhece que o texto aprovado no Senado pode “reduzir o rigor no licenciamento e arrebentar mecanismos de controle”. Ambientalistas defendem como alternativa o PL 2.785/2019, que estabelece regras específicas para mineração, elaborado após as tragédias de Mariana e Brumadinho.

Especialistas criticam a lógica do projeto. “O fato de um mineral ser estratégico não altera seu potencial de impacto”, afirma Márcio Santilli do Instituto Socioambiental (ISA). Suely Araújo, ex-presidente do IBAMA, ressalta que “a mineração, por natureza, é bastante impactante e precisa de regras específicas”.

O PL, relatado no Senado por Tereza Cristina (PP-MS) – coordenadora do grupo pró-mineração em Terras Indígenas -, agora retorna à Câmara criticado por sacrificar proteções ambientais e sociais em nome de uma suposta aceleração da transição energética.

Como informou ((o)) eco, o deputado Zé Vitor (PL-MG), diretor de política da bancada ruralista e com histórico de votos favoráveis à flexibilização ambiental, foi oficializado na última 6a feira (13/6) como novo relator do PL na Câmara. O parlamentar tem um histórico problemático: ele apoiou todas as cinco propostas consideradas prejudiciais ao meio ambiente analisadas pelo Monitor do Congresso d’((o)) eco em 2022.

Já a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, acusou o Congresso Nacional de adotar uma postura “completamente contrária ao que o Brasil precisa para enfrentar a crise climática”, destacando um “discurso negacionista” predominante. Em entrevista à coluna de Mônica Bergamo na Folha, a ministra também condenou o avanço do PL da Devastação, classificando-o como “um retrocesso enorme”.

Sobre a COP30, a ministra afirmou que o foco atual é assegurar um legado concreto. “A gente, enquanto ministério, vai ter muita novidade a partir da decisão dessa COP. Então, é importante se garantir os compromissos do financiamento climático, que é o que ficou bem aquém na COP anterior”, declarou.

Ela reforçou a meta de ampla participação indígena, com 500 brasileiros já credenciados e mais 500 inscrições esperadas de outros países. Dentre os participantes, 31 jovens lideranças indígenas foram capacitados pelo programa Kuntari Katu e viajam nesta semana para a conferência de Bonn, na Alemanha, como parte dos preparativos para a conferência.

Guajajara ressaltou conquistas do seu ministério, como a homologação de 13 Terras Indígenas e sete ações de desintrusão, defendendo que a retirada de invasores de territórios se torne uma política permanente.

Fonte: ClimaInfo

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