Por David Arioch
Ao longo de nove meses, a doutoranda em ciência da conservação na Universidade de Adelaide, na Austrália, Sarah Heinrich, apurou 154 anúncios no Ebay envolvendo venda de couro de pirarucu.
A matéria-prima é originária do Brasil e diz respeito a 2,8 mil animais que têm seu couro visado pelo mercado de fabricação de botas nos EUA. A realidade pouco conhecida deu origem a um artigo intitulado “Of Cowboys, Fish, and Pangolins”, publicado por Sarah em junho no periódico acadêmico Conservation Science and Practice.
Segundo a autora, todo o couro de pirarucu que ela encontrou sendo comercializado na internet é baseado em peixes capturados no Brasil. Ela explica que o estudo tem o propósito de alertar para a possibilidade de o pirarucu voltar a ser uma espécie ameaçada de extinção.
Em junho, no mês em que a pesquisa foi publicada, durante operação contra pesca e caça ilegais no Mato Grosso, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apreendeu 500 toneladas de peixes. Só de pirarucu capturados ilegalmente foram 224 quilos.
De acordo com a organização WWF Brasil, com o aumento da pesca comercial na Amazônia nas últimas décadas, os peixes vêm sofrendo pressão cada vez mais intensa. Isso gera impacto nas populações das principais espécies, como o pirarucu.
“A espécie corre risco de extinção devido à pesca predatória praticada ao longo de muitos anos. A reprodução natural do peixe é insuficiente para repor o número de pirarucus pescados. A exploração não sustentável fez com que o Ibama criasse em 2004 uma Instrução Normativa que regulamenta a pesca do pirarucu na Amazônia, proibindo-a em alguns meses do ano e estabelecendo tamanhos mínimos para pesca e comercialização da espécie”, informa a WWF Brasil.
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