Pinguins são excelentes navegadores e “surfam” correntes marinhas para poupar energia em viagens pelo oceano, mesmo que isso signifique um trajeto mais longo. É o que mostra um estudo publicado no periódico PLOS Biology nesta quinta-feira (17/07).
Analisando os padrões de navegação de 27 pinguins-de-magalhães, uma espécie comum na América do Sul, os pesquisadores comprovaram que estes animais possuem um “radar” apuradíssimo e difícil de explicar, que garante que eles não se percam explorando correntes em mar aberto.
“Humanos e outros animais sentem as correntes com base na direção em que a água os arrasta em relação a pontos de referência visuais, como uma montanha ou um farol. Mas, no oceano aberto, onde ocorre a maioria das jornadas desses pinguins, não há muitos pontos de referência para usar”, relata o portal Science News.
No período de reprodução da espécie, os pinguins se espalham pelas costas da Argentina e do Chile. Buscando alimento para os filhotes, um pinguim pode ficar até 30 horas nadando no oceano, afirma o estudo, que usou GPS e sensores de movimento para mapear a jornada dos animais.
As viagens de volta, que podiam durar até 16 horas, sempre começavam com os animais apontando diretamente para suas colônias em terra firme, porém, no meio do caminho foram registrados desvios em algumas oportunidades.
Em águas calmas, os pinguins nadavam em linha quase reta de volta à colônia. Mas, em dias com correntes fortes, a jornada de volta para casa seguia um caminho diferente, em que essas aves marinhas nadavam em uma trajetória em formato de “s”, seguindo o padrão das correntes na região.
Isso sugere que esses pinguins avaliam a força e a direção da corrente para escolher a melhor estratégia de navegação, aponta o pesquisador David Grémillet, biólogo do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica em Montpellier, que não participou do estudo.
“Por que você pegaria todos esses peixes e depois gastaria toda a energia apenas nadando contra a maré?”, questiona o coautor da pesquisa Rory Wilson, biólogo da Universidade de Swansea, no País de Gales. Os caminhos mais longos dão a chance de levar mais peixe para casa, observa o estudo. As viagens dos pinguins em busca de comida podem percorrer 100 quilômetros.
Ainda não está claro como os pinguins sentem a força das correntes oceânicas, diz Wilson. Para Grémillet, a forma como essas aves sentem a direção e a força das águas é “um dos grandes mistérios da navegação animal”.
Fonte: Um só Planeta