Quem costuma aproveitar o clima ameno do inverno nas praias paulistas já pode ter presenciado pinguins desfilando na areia, ou tentando se equilibrar nas ondas do mar. A chegada dessas graciosas e desajeitadas aves marinhas por aqui é comum nessa época do ano.
Os pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) costumam frequentar a costa brasileira durante os meses de inverno, em busca de águas mais quentes. Alguns, por serem jovens e inexperientes, perdem-se do bando e chegam às praias do litoral brasileiro debilitados, doentes ou machucados.
Ao perceber a visita do ilustre forasteiro, a maioria das pessoas tende a ajudá-lo e, muitas vezes, toma atitudes equivocadas, como colocá-lo em caixas de isopor, com gelo dentro, quando o certo é justamente o contrário. “A maioria desses animais chega às praias com um quadro de hipotermia, portanto, é preciso aquecê-los, colocando-os em caixas de papelão. “, explica a bióloga Carla Barbosa, do Instituto Argonauta para a Conservação da Vida Marinha.
No final do ano passado, mais de cem pinguins foram devolvidos ao mar, numa experiência pioneira no Brasil. Um grupo foi solto a cerca de 40 milhas da costa (aproximadamente 64 km), e outro, a cerca de 100 milhas da costa (aproximadamente 160 km), em Santos.
“Os pinguins soltos levam consigo uma anilha com número de identificação e e-mail de contato, para conseguirmos monitorar qual o sucesso da soltura. Nossa intenção é fazer com que estes pinguins consigam voltar ao seu local de origem por mérito próprio. Todos os animais selecionados para o programa de soltura passaram por baterias de exames clínicos para garantir que estejam em boas condições de saúde”, explica Hugo Gallo, um dos responsáveis pelo trabalho de soltura.
Segundo a presidente da ONG Paula Baldassin, a equipe do Instituto consegue reabilitar cerca de 60% dos animais resgatados. “Nossa maior recompensa é pegá-los debilitados, reverter esse quadro e, depois, vê-los sair nadando ou voando. É muito gratificante.”
Dentre os problemas identificados nos animais que chegam doentes à costa brasileira, está a incidência de lixo em seus estômagos, como fragmentos diversos de plástico, pedaços de corda, isopor, borracha e mais uma incontável gama de materiais produzidos pelo homem e jogados nos mares. Isso acontece porque os animais não conseguem distinguir o que é lixo e o que é comida.
Serviço: O instituto fica na Rua Guarani, 835, no Bairro Itaguá, em Ubatuba. Para mais informações ligue (12) 3833 4863 – Fax: (12) 3832 7491. ou contate [email protected]
Fonte: Revista Beach Co.com