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DESORIENTADO

Pinguim-imperador viaja mais de 3 mil quilômetros e surpreende ao aparecer na Austrália pela primeira vez

O caso levanta questões sobre os impactos das mudanças climáticas no habitat da maior espécie de pinguins do mundo, que vive na Antártida

18 de novembro de 2024
Renata Turbiani
3 min. de leitura
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Foto: Reprodução/redes sociais

O pinguim-imperador vive nas colônias geladas da Antártida, e frequentemente vaga pelos limites distantes de seus territórios, mas essa viagem tende a ser curta. Ou tendia, pelo menos no que diz respeito a um indivíduo da espécie, batizado de Gus.

O bichinho recentemente viajou cerca de 3,2 mil quilômetros e foi parar em Ocean Beach, em Denmank, cidade na Austrália Ocidental. Ele foi encontrado vivo, mas bem abaixo do peso. Agora, precisará de semanas de reabilitação antes de ficar completamente saudável e poder voltar para casa.

Essa foi a primeira vez que um pinguim-imperador desembarcou no continente australiano, segundo a National Geographic. E as razões para isso ter acontecido ainda não estão claras. Alguns especialistas sugerem que Gus pode ter sido desviado do curso por uma tempestade e ficado desorientado ou teve alguns de seus outros sentidos de navegação prejudicados de alguma forma.

Uma família que passava o dia na praia e foi surpreendida pela presença inusitava do animal fez um registro nas redes sociais, onde relatou o episódio. “Não chegamos muito perto, na verdade ele veio em nossa direção para olhar mais de perto por cerca de dez minutos antes de decidir seguir seu próprio caminho. A interação foi de tirar o fôlego e surreal. Não consigo nem imaginar a jornada que percorreu”, diz a postagem.

Segundo a família, um serviço de resgate de vida selvagem foi acionado e o pinguim foi levado para avaliação e tratamento antes de poder retornar para o mar.

O caso ainda pode ser relação com as mudanças climáticas. Pinguins-imperadores dependem de gelo marinho estável para se reproduzir, mas o aquecimento do planeta cada vez mais faz com que as plataformas de gelo derretam. Isso, somado à diminuição das fontes de alimentos, resultam em animais indo procurar por comida e abrigo cada vez mais longe de seu habitat natural.

Casey Youngflesh, professor associado da Universidade Clemson, dos Estados Unidos, explicou à Nat Geo que deslocamentos como o de Guz são chamados no mundo das aves de vadiagem.

“Se uma espécie aparecesse o tempo todo, nós apenas consideraríamos isso como parte de seu alcance”, ele disse, acrescentando que a vadiagem animal pode às vezes ser um preditor de futuras expansões de alcance. “Uma frequência crescente de tais eventos pode sugerir que algo está mudando para esta espécie.”

Fonte: Um Só Planeta

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