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ÁREA DE RISCO

Petrobras levaria 10 horas e meia para deslocar animais em um acidente com petróleo na foz do Amazonas

Dados apresentados pela Petrobras ao IBAMA reforçam risco da exploração de combustíveis fósseis na região, mas ministro da Integração defende que licença saia – e rapidamente.

23 de janeiro de 2025
ClimaInfo
3 min. de leitura
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Foto: Ana Maria Tomescu/Unsplash

Dez horas e trinta minutos: esse é o tempo de deslocamento para transportar animais até a uma base de estabilização da Petrobras caso ocorra vazamento de petróleo durante de um poço no bloco FZA-M-59, na bacia da foz do Amazonas, no litoral do Amapá. O tempo, segundo o IBAMA, considera o “melhor cenário”, e só poderia ser cumprido se o derramamento ocorresse durante o dia. E  se os animais fossem resgatados nas primeiras horas.

A estimativa é parte do parecer emitido pelo órgão ambiental no fim de outubro do ano passado para rejeitar o pedido de licença feito pela petroleira para perfurar um poço na área, destaca Paula Ferreira no Estadão. O IBAMA informou que o tempo foi estimado com base nas informações contidas no plano elaborado pela própria Petrobras.

Procurada, a petroleira não comentou especificamente o número de horas destacado pelo órgão ambiental. Mas disse que o plano previsto para a foz do Amazonas terá seis embarcações dedicadas à fauna, “equipadas com materiais, recursos e profissionais, incluindo veterinários, preparados para dar todo o atendimento necessário, seguindo integralmente o Manual de Boas Práticas do IBAMA”. Noves fora, nada.

Não é o único dado relacionado à foz do Amazonas que mostra o enorme risco de se explorar combustíveis fósseis na região, de altíssima sensibilidade ambiental. No processo de licenciamento, a própria Petrobras indicou que um vazamento poderia atingir a costa de 8 países e dois territórios franceses, sem falar na costa do Amapá, que abriga imensos manguezais. Situação confirmada por um estudo feito no ano passado pelo Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), em parceria com o Greenpeace.

Mas nada disso abranda a sanha dos defensores da exploração de petróleo no Brasil “até a última gota”. Não bastasse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ter dito no início deste mês que o IBAMA vai liberar a licença para a Petrobras, o que não foi confirmado pelo órgão ambiental, mais um membro desse “time” mostrou as garras: Waldez Góes, ministro da Integração e Desenvolvimento Regional.

Góes se encontrou com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, na 3ª feira (21/01) para discutir os investimentos da petroleira. Antes da reunião, porém, em entrevista à Rádio Itatiaia, ele defendeu que o IBAMA conceda a licença para a petroleira o mais rápido possível.

“Tecnicamente, politicamente, em termos de cronograma, o ideal era uma liberação dessa sair agora para que a Petrobras, em fevereiro e março, fizesse a limpeza (do navio com a sonda) e em março, abril, já estivesse localizando, fazendo a mobilização dos equipamentos”, disse o ministro da Integração.

E para não fugir do corolário vazio da turma pró-petróleo, Góes afirmou que o petróleo da foz do Amazonas é “fundamental” para a transição energética. E que a Petrobras “cumpriu todas as exigências”. Mas, se tivesse cumprido, já teria a licença, já que a decisão do IBAMA é técnica.

Fonte: ClimaInfo

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