Um movimento de cidadãos entrega terça-feira (19) no Parlamento, uma petição com cerca de 5 mil assinaturas contra a construção do Biotério da Azambuja, em Portugal, defendendo que existem alternativas com mais credibilidade em termos científicos e econômicos.
O Biotério da Azambuja, um local onde serão criados e mantidos animais (como ratos, cães e coelhos) com a finalidade de serem usados como cobaias em experimentação científica, é um projeto da Fundação Champalimaud, orçado em 36 milhões de euros, ao qual se associou a Fundação Gulbenkian e a Universidade Nova de Lisboa.
“O Biotério da Azambuja vai perpetuar um modelo científico que, a nosso ver, é caduco e ultrapassado e que vai prejudicar em grande medida os resultados que se obtiverem”, disse o porta-voz da Plataforma de Objeção ao Biotério.
Segundo João Pedro Santos, existem cada vez mais evidências científicas de que a experimentação animal pode debilitar grandemente as soluções para as doenças neurológicas.
“Apesar de a anatomia e fisiologia das cobaias serem bastante próximas da anatomia e fisiologia humanas, existem distinções sutis que são cruciais no processo científico”, explicou, revelando ter informações de que o centro da Azambuja terá um forte componente comercial de venda de cobaias para outros países.
Por outro lado, lembra que a Comissão Europeia prepara-se para proibir, a partir de 2012, toda a experimentação animal em cosméticos, um primeiro passo tendo em vista o fim da experimentação animal também na medicina e na indústria farmacêutica.
“É um centro que terá certamente uma utilização limitada, quer cientificamente, quer temporalmente. Daqui a 10 anos a União Europeia vai vetar a utilização de biotérios na Europa”, afirmou.
Em substituição do Biotério, a Plataforma propõe a criação de um Centro 3R em Portugal, que afirma apresentarem-se atualmente como a alternativa científica “com mais credibilidade” aos tradicionais métodos de experimentação animal.
O Biotério da Azambuja terá capacidade para 20 a 25 mil gaiolas para animais. Será apoiado por fundos comunitários no âmbito do programa de ação aprovado pelo Governo para as regiões Oeste e da Lezíria e que prevê compensações pela deslocalização da construção do aeroporto na OTA.
A Fundação Champalimaud não quis prestar quaisquer comentários sobre a questão do Biotério da Azambuja.
Fonte: Público