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Pet shops de Piracicaba mantêm animais à venda em condições deploráveis

3 de dezembro de 2010
4 min. de leitura
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Excesso de animais em gaiolas, água suja, condições sanitárias inadequadas, gaiolas de pássaros no sol, cães em vitrines sem água, filhotes armazenados em caixas de transporte. Essas foram algumas das irregularidades encontradas ontem, durante fiscalização em uma agropecuária e uma Pet Shop na Vila Rezende.

Por receber denúncias desses e outros locais da cidade, o vereador Laércio Trevisan Júnior incentivou a realização de uma fiscalização, com objetivo de orientar os proprietários desses estabelecimentos a atender as normas estabelecidas na lei 5.639 de 2005, de sua autoria. A norma dispõe sobre a exposição e venda de animais em aviculturas, agrocomércios, feiras, exposições e eventos em Piracicaba.

A fiscalização foi efetuada pela médica veterinária Thalita Neder, do Centro de Controle de Zoonoses, com apoio do Pelotão Ambiental da Guarda Civil e voluntárias da ONG Vira Lata Vira Vida. “Essa é a primeira vez que esse trabalho é efetuado e o objetivo é que os comerciantes façam adequações de acordo com a lei”, disse Trevisan.

Na primeira loja, roedores e aves ficam expostos na rua, em grande quantidade nas gaiolas, o que, segundo a veterinária, impede a movimentação deles e não oferece condição de descanso. Nessa situação estavam coelhos, preás e aves.

No interior do estabelecimento, quatro filhotes estavam em caixas de transporte com a grade virada para a parede, informou a veterinária. “A única entrada de ar eram os buracos da caixa e lá dentro o calor é muito grande”, contou Carina Mendes de Barros, voluntária da ONG.

Ela também observou que em uma das gaiolas as aves estavam sem água. Um funcionário da loja trocou o bebedouro que estava quebrado e passado alguns minutos após o estresse de mexer na gaiola, os pássaros fizeram fila para beber água. O mais forte deles, chegou até a proteger o bebedouro dos demais.

No local onde também estavam os cães, havia sujeira de fezes e urina e os animais estavam sem água e alimento. “Eles estão em um local de muito calor e privado da companhia das pessoas, presos nas caixas que também são inadequadas. Alguns animais eram para a venda e outros para a tosa”. A venda de ração a granel também estava irregular. Os pacotes de ração estavam abertos e foi observada a presença de moscas. “Ele não pode vender assim porque o alimento fica sujeito a contaminação pelas moscas e também por fungos. O correto é embalar em sacos fechados e colocar a data de validade”, disse o vereador.

O proprietário recebeu uma notificação com prazo de cinco dias para adequar as condições sanitárias, higiene e bem-estar dos animais e 30 dias para modificar materiais de uso inadequado, como uso de papelão para estocagem de ração.

Sol

Em outra loja, os cães que ficam expostos em vitrine estavam sem água. Assim que Thalita pediu para que fosse servido água aos filhotes, eles beberam tudo. Também foram encontradas gaiolas com diversos pássaros que estavam no sol. A veterinária pediu que as gaiolas fossem colocadas em um local mais sombreado e a troca da água dos bebedouros, que estavam quentes. “A lei existe desde 2005 e tem de ser cumprida. Com as denúncias de maus-tratos de animais, as pessoas estão mais sensibilizadas às condições que as pessoas que trabalham com a venda de animais os estão deixando para vendê-los”.

Segundo ela, a ONG não é a favor da venda de animais, “porque há muitos abandonados na cidade e nos abrigos à espera de adoção”. A ONG mantém 420 cães em abrigo.

A fiscalização em agropecuárias e Pet Shops vai continuar em outras regiões da cidade. Nos locais avaliados ontem, se as adequações não forem realizadas nos prazos estabelecidos, o estabelecimento poderá ser multado e os animais recolhidos, conforme Trevisan.

Fonte: Gazeta de Piracicaba

Nota da Redação: Proprietários de pet shops são comerciantes apenas, não lhes interessa o bem-estar dos animais. Sua meta é o lucro à custa da venda de vidas, que para eles são como objetos quaisquer. E o ciclo do abandono não tem fim. Quem compra animais geralmente o faz por impulso, encarando-os também como objetos, que são presenteados e descartados com a mesma facilidade. Com tantos animais abandonados à espera de uma chance em abrigos, é indecente que as fábricas de filhotes continuem a reproduzir animais, que são mantidos em condições deploráveis, como esta reportagem ilustra. É preciso pôr um fim ao comércio de vidas.

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