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NEGÓCIO E APOIO

Pessoas pagam até 1 real por minuto para brincarem com gatos nos chamados 'Cat Cafés'; iniciativa promove adoções

Interação, que inclui possibilidade de adoção, é atrativo, mas gastronomia sustenta os negócios.

15 de agosto de 2022
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As irmãs Luana, 29, e Bruna Paroni, 25, donas da Gateria, cat café na Vila Mariana, zona sul de São Paulo –  Zanone Fraissat/Folhapress

Nos últimos meses, cidades brasileiras ganharam seus primeiros cat cafés, onde os clientes podem brincar com gatos e também adotá-los. Novidade no país, os negócios têm atraído amantes de felinos e curiosos.

Mariana Eduarda Brod, 31, não estava preparada para receber tanta gente quando inaugurou o Betina Cat Café no início de julho, em Brasília. Começou com apenas quatro mesas e, duas semanas depois, já precisou aumentar para 12.

O mesmo aconteceu com o Gatcha, que abriu as portas em junho, no centro de São Paulo. “Eu pensei o negócio para ser pequenininho, não imaginei que fosse virar essa febre, com fila para fora da loja”, diz o dono, Lucas Rosa, 31.

O conceito de café cat não é novo: surgiu em 1998 em Taiwan e popularizou-se no Japão. No Brasil, chegou em 2014, com o Café com Gato, em Sorocaba (SP). Mas só nos últimos dois anos ganhou mais força, com a inauguração do Gato Café, no Rio, em 2020.

Um fator que dificultou a vinda do modelo para cá foi a legislação sanitária brasileira, que proíbe que animais fiquem no mesmo local onde alimentos são servidos. A solução foi criar um ambiente separado da cafeteria para abrigar os bichanos.

Para acessar o espaço, os clientes pagam uma taxa, que ajuda a bancar o custo de manutenção dos gatinhos, inclui ração, areia e funcionários dedicados a cuidar deles. Resgatados por ONGs, os animais ficam disponíveis para adoção.

No Gatcha, o cliente precisa agendar presencialmente um horário para entrar numa área com até oito gatos. Ele paga R$ 15 por 15 minutos ou R$ 25 por 30 minutos. O estabelecimento também é especializado em matchá, chá verde em pó usado como base para a preparação de doces e bebidas quentes e geladas.

Lucas, que é músico, nunca tinha pensado em empreender. Conheceu um cat café em 2016, quando morou em Nova York (EUA), e desde então esperava que alguém levasse o modelo para a capital paulista.

Até que, em janeiro, viu que ele mesmo poderia pôr a ideia em prática. Procurou ajuda do Sebrae, alugou uma loja e investiu todo o dinheiro que tinha guardado. “Montei o lugar que adoraria frequentar”, diz.

As irmãs Bruna, 25, e Luana Paroni, 29, poderiam ter aberto o seu cat café em São Paulo antes de Lucas, não fosse a pandemia. Elas chegaram a alugar um imóvel em março de 2020, mas logo tiveram que desistir da empreitada. “Doeu muito na gente, mas agora percebemos que esse tempo foi importante para reestruturar o projeto”, diz Bruna.

As duas inauguraram a Gateria no fim de julho, em uma casa na Vila Mariana (zona sul), depois de cinco meses de reforma. Na frente do imóvel, há um espaço pet-friendly, no qual cães também são bem-vindos. Depois, vem o ambiente da cafeteria e, nos fundos, fica o lugar destinado aos felinos, que tem 120 m² e pode abrigar até 18 animais.

A área tem mobiliário projetado para eles, fontes de água e até um teto retrátil. Por vez, é permitida a entrada de até 15 pessoas, que pagam R$ 16,90 por 30 minutos de visitação. Há várias regras, como não fazer barulho nem pegar os gatos no colo, a não ser que eles tomem a iniciativa. Quem quiser adotar um gatinho deixa seu contato com o monitor do espaço, que encaminha a solicitação à ONG Aprogato, responsável pelo processo.

A ONG, inclusive, só manda para o café gatos considerados sociáveis, que têm condições de interagir com as pessoas.

A interação com os felinos e o apoio à causa animal são o principal fator de atração de clientes, mas a cafeteria é o que de fato sustenta o negócio. “Ter uma boa comida e um bom café sempre foi uma grande preocupação nossa”, diz Luana. Sem experiência, as irmãs contrataram a consultoria de um barista especializado em cafés especiais.

 

Fonte: Folha de SP

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