A matéria de cada da edição número 673 da revista Carta Capital, editada em São Paulo, relata uma pesquisa realizada por dois médicos brasileiros – Renata Pasqualini e Wadih Arap – no Instituto Médico Anderson, especializado em Câncer, no Texas, para reduzir a obesidade em humanos.
Para conseguir avaliar a suposta droga que reduz a obesidade – de nome Adipotide – dezenas de macacos rhesus foram engordados artificialmente, para depois serem submetidos à droga experimental. O Instituto Médico Anderson, que visitamos 10 anos atrás durante um curso de manejo de chimpanzés em cativeiro, tem um centro de experimentação invasiva de chimpanzés e macacos rhesus, administrado pela Faculdade de Veterinária da própria Universidade do Texas, perto da cidade de Bastrop.
A obesidade é um problema generalizado nos Estados Unidos e que está começando a afetar a nossa população também. É uma doença adquirida pelo ser humano, que não tem como controlar seu apetite, e ingere calorias demais. Com força de vontade e disciplina, em uma grande maioria dos casos, seria contornável. A alimentação industrializada das últimas décadas detonou essa prática.
Os primatas de cativeiro são obesos porque aqueles que os controlam assim o desejam ou permitem, na grande parte dos casos. Um ser em cativeiro é submetido a uma dieta obrigatória e não tem decisão própria de comer a mais. Daí a primeira barbaridade desta pesquisa foi converter em obesos estes seres em cativeiro.
A droga que será experimentada em humanos no próximo ano já é patenteada por uma empresa – a Ablaris Therapeutics Inc., que pertence aos pesquisadores brasileiros que desenvolveram a droga. É justo, ético, correto e moral fazer pesquisa invasiva deste tipo com primatas, nas quais são torturados dezenas deles para enriquecer dois seres humanos que agora são tratados como “brilhantes cientistas que contribuíram na luta contra uma doença emergente?”
Esse não é, nem será o único caso. Por isso o lobby farmacêutico nos Estados Unidos luta com “unhas e dentes” para manter milhares de primatas em centros de torturas, para que estes lhes sirvam de cobaias gratuitas no descobrimento de novas drogas, que irão enriquecer corporações, os próprios cientistas e até as universidades que os patrocinam.
O Instituto de Saúde Norte-Americano (NIH) possui pouco menos de 1000 chimpanzés de sua propriedade, distribuídos em seis centros de torturas no país, além de milhares de macacos rhesus – a cobaia mais procurada pelos cientistas – colocados à disposição da pesquisa médica invasiva.
A luta das organizações de defesa dos primatas, como o GAP, a Humane Society, o Instituto Jane Goodall, o Projeto R&R e dezenas de outras, confia que o projeto que tramita no Congresso Norte-Americano na legislatura presente seja aprovado sem ressalvas, o que permitirá que os mais de 1000 chimpanzés ainda com possibilidades de voltar a pesquisa biomédica invasiva sejam definitivamente aposentados. O NIH sabe que não pode continuar escondendo a “luz do sol com a peneira”. Sua política de reprodução de chimpanzés e a criação de uma espécie norte-americana, para fugir das proibições de torturar e matar espécies ameaçadas de extinção, estão chegando ao fim.
Os responsáveis do NIH e aqueles que gerenciam os Centros de Tortura que ainda funcionam algum dia deverão responder ante a Justiça e ante a população pelos crimes cometidos contra uma espécie, com a qual temos laços e similaridades tão íntimas.
Também, não pensem que outros macacos, como os rhesus, serão as cobaias que vão substituir os grandes primatas. A mesma regra e a mesma medida que servem para alguns, servirá para outros, e o crime que está sendo cometido contra esses macacos é talvez muito maior, pela quantidade e a forma como eles são torturados, sem o mínimo respeito a sua integridade física e psíquica.
A pesquisa biomédica invasiva com primatas como hoje é realizada é um NEGÓCIO e nada tem de altruísmo. É lamentável que PHDs e cientistas, que por sua erudição e cultura deveriam ter mais consciência, na realidade são os que montaram esta imensa fraude, com a propaganda de “curar e salvar humanos das garras das doenças”.