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Pesquisadores utilizam drones para medir efeito de lama da Samarco em golfinhos e baleias do rio Doce

16 de março de 2020
4 min. de leitura
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Cientistas da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) estão utilizando um drone para auxiliar nos estudos referente aos efeitos da lama que atingiu a foz do rio Doce após o rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG), tem causado na biologia e no comportamento de golfinhos e baleias que vivem próximos ao local. Os testes com o aparelho começaram em setembro de 2018: “O objetivo é conhecer o ‘uso do habitat’ das espécies de golfinho que frequentam a região, sendo que pelo menos duas delas, o boto-cinza e a toninha, estão bastante ameaçadas de extinção”, conta Agnaldo Martins, biólogo e líder do grupo de pesquisa.

Foto: Pixabay

Conforme uma exigência dos órgãos ambientais do Espírito Santo o monitoramento será feito a longo prazo, para compreender se os efeitos da lama cessaram ou não. Através dos resultados obtidos, será possível aplicar medidas mitigatórias e compensatórias, como por exemplo, a criação de áreas protegidas em locais preservados.

Segundo Agnaldo o estudo é de grande importância para medir o uso do habitat por esses animais e assim ser possível calcular os reais impactos dos dejetos sobre a vida marinha do local: “Com isso, saberemos o potencial impacto que a lama de rejeito da Samarco pode ter sobre essas espécies. Quanto mais usarem a região, mais delicada será a situação”, informa.

Apesar dos piores efeitos já terem passado no momento atual a região se encontra em uma fase em que as alterações serão sentidas ao longo dos anos. E através do estudo será possível medir ou aumento ou diminuição da megafauna marinha do rio Doce: “Se aumentar, isso pode significar que os efeitos da lama estão diminuindo e eles estão voltando a usar mais. Se diminuir, quer dizer que os crônicos estão atuando e vamos ter que pensar em soluções para reparar esse dano”, disse o biólogo.

O drone escolhido para a pesquisa é de uso pessoal, um objeto mais fácil de transportar e usar em decolagens, medindo 32,2 por 24,2 cm e 8,4 cm de altura. As decolagens são feitas mensalmente e três aparelhos rastreiam os grupos de animais marinhos que vivem na região. Cada aparelho voa uma distância de cerca de 3km a partir da praia e consegue rastrear qualquer organismo a uma altura de 50m.

Além dos drones, são necessários cerca de quatro pesquisadores na operação: “O piloto do drone, que é um profissional especializado, um biólogo com olhos treinados para reconhecer a fauna, que fica com uma máscara de realidade virtual, um observador de drone com um binóculo superpotente (para termos a licença de voo, a premissa é que o aparelho não pode ser perdido de vista, pois se uma aeronave tripulada se aproxima, temos que afastá-lo imediatamente da área). Temos também um quarto componente que anota todos os resultados em planilhas”, explica Agnaldo.

É pela máscara virtual que o cientista consegue controlar o objeto, pois através de sinais de rádio emitidos pelo drone que se transfiguram em imagens de vídeo enviadas para a máscara o cientista consegue visualizar os alvos de interesse e orientar o piloto do drone para que se obtenha as melhores imagens. Dessa forma é possível monitorar as ações dos animais. Devido à baixa duração da bateria do aparelho o procedimento é realizado várias vezes ao dia.

Além do trabalho feito com os golfinhos, os pesquisadores também tem desenvolvido uma pesquisa para avaliar o uso do local pela baleia-jubarte. “Mas, como esses animais não se aproximam muito da costa, estamos fazendo a mesma coisa, só que decolando o drone a partir de um barco, o que é muito mais desafiador. Nesse caso, o monitoramento ainda não começou pra valer. Só fizemos os testes em 2019 e devemos iniciar o monitoramento agora em 2020, quando as baleias voltarem para a região”, concluiu o biólogo.


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