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Pesquisadores descobrem espécie de aracnídeo do Cerrado no Piauí; ela está ameaçada de extinção

26 de junho de 2024
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Foto: Pedro H. Martins

Pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI) de Floriano descobriram uma nova espécie de aracnídeo, batizada como Rowlandius ufpi, potencialmente ameaçada de extinção. É a primeira espécie de esquizômido encontrada no Piauí e a única do Cerrado, que vive às margens de rios e riachos, diferentemente das demais de seu gênero.

Segundo o professor Leonardo Carvalho, doutor em Zoologia e um dos autores do estudo que divulgou a descoberta, o primeiro indivíduo da Rowlandius ufpi foi localizado à beira de um riacho próximo ao Rio Parnaíba, no Colégio Técnico de Floriano, em 2012. Desde então, os pesquisadores procuravam outros indivíduos para descrever a espécie.

“Nós estudamos aracnídeos no Piauí há quase 20 anos, então as atividades de campo fazem parte de nosso dia a dia. Em uma delas, estávamos procurando em folhas nas margens do rio e encontramos esse espécime pela primeira vez”, explicou o professor.

Os esquizômidos apresentam características diferentes dos outros aracnídeos, conforme apontou o professor da UFPI. Eles possuem uma estrutura na parte posterior do corpo, chamada de flagelo, que conta com pequenos furos. Durante o acasalamento, as fêmeas mordem os furos e são conduzidas pelos machos em uma dança.

Em termos de tamanho, a Rowlandius ufpi mede cerca de 1 cm e pode ser comparada ao potó, inseto encontrado no Nordeste e que causa queimaduras de até segundo grau na pele. Ao contrário do potó, porém, o aracnídeo é praticamente inofensivo.

“Eles não soltam veneno como as aranhas e os escorpiões, por exemplo. Há a liberação de ácido acético, ou vinagre, por meio de uma glândula. Até poderia ser classificada como uma estrutura de defesa, mas quase não dá para sentir o cheiro devido ao pouco tamanho”, destacou Leonardo Carvalho.

Doze anos após a descoberta do primeiro espécime do aracnídeo, o riacho em que ele vivia não existe mais. O pesquisador afirmou que a região de mata que circundava o riacho, bem preservada à época, foi desmatada para uma plantação. Depois disso, o animal deixou de frequentar o local.

A equipe de pesquisadores da UFPI encontrou outros espécimes às margens do Rio Parnaíba, o que indica que a Rowlandius vive em ambientes restritos. Se houver uma grande queimada ou cheia em seu habitat, o aracnídeo pode ser completamente extinto.

“O desmatamento é um problema enfrentado pelo Rio Parnaíba ao longo de toda a sua extensão. Para evitar a extinção do aracnídeo, a recuperação da mata ciliar, a preservação de matas de galeria ao longo dos riachos e o cumprimento do Código Florestal são medidas fundamentais”, completou o professor.

Além de Leonardo, a bióloga Iara Siqueira, também da UFPI de Floriano, e o professor Adalberto Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), conduziram o estudo. Os pesquisadores estudam ainda outra espécie de aracnídeo, natural de região cavernosa em Piripiri, que deve ser descrita em breve.

Fonte: G1

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