Que pedaço do planeta pode abrigar 37 espécies de mamíferos, oito delas ameaçadas de extinção? Em um dos lugares mais belos da Amazônia, o biólogo Bruno Marchena registrou exatamente esses números. Os animais foram avistados no Parque Nacional de Anavilhanas, no Rio Negro, a cerca de 40 quilômetros de Manaus.
Habitam o parque onças-pintadas, gatos-maracajás, jaguatiricas, cuxiús, tatus-canastra, ariranhas, peixes-bois e tamanduás-bandeiras, todos na lista oficial de animais ameaçados de desaparecer. Além desses bichos, também vivem por lá antas, veados, porcos-do-mato e dezenas de outros mamíferos.
Segundo Marchena, toda essa diversidade vem dos diferentes tipos de floresta que cobrem o parque. Além das matas altas de terra firme, há campinas, capinaranas (matas ralas), chavascais (campos alagados) e matas de igapó (matas alagadas). “É um dos locais menos modificados na Amazônia”, ressalta o biólogo.
Trilhas noturnas
Marchena estudou os mamíferos de Anavilhanas para ajudar a montar o plano de manejo do parque, que define como a região será utilizada para o turismo. A tarefa não foi fácil, já que a maioria dos bichos não dá as caras de dia. É necessário enfrentar quilômetros de trilhas no meio da mata, à noite, para conseguir avistá-los.
“Fazíamos cerca de dez horas de caminhada por dia. Algumas vezes precisou dormir no mato. Consegui visualizar espécies que eu não veria durante o dia, como a jaguatirica, gato maracajá e o tatu-canastra”, conta.
Destino turístico
Até novembro 2008, Anavilhanas era uma estação ecológica. Para estimular o turismo, o local foi transformado em parque nacional. A principal atração são as suas quatro centenas de ilhas, que na época seca formam praias de areia branca que contrastam com as águas escuras do Rio Negro.
A observação de animais também é um atrativo do parque. Não são os bichos encontrados por Marchena, contudo, que chamam a atenção dos turistas. “Não é fácil ver um mamífero. As espécies mais comuns para se ver são as aves e os jacarés”, conta o biólogo.
Fonte: Globo Amazônia