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Pesquisa de estudantes da UFMT revela importância da agrofloresta para preservação animal

11 de julho de 2015
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Tanto do ponto de vista da rentabilidade econômica quanto da conservação do meio ambiente, a agrofloresta é um sistema que respeita os ciclos biológicos, gera renda e não agride o solo. Os pesquisadores da UFMT/Sinop, Gustavo Canale e sua orientanda Angele Oliveira, realizaram um estudo para entender os efeitos positivos e negativos sobre as comunidades de animais em áreas de agroreflorestamento com a utilização de Teca consorciada com floresta nativa na Fazenda São Nicolau, em Cotriguaçu – MT, em 2014.
O que chamou mais a atenção dos cientistas foi a abundância de mamíferos de médio e grande porte nas áreas analisadas. Tanto em habitat natural quanto na agrofloresta, constituída de mudas nativas provenientes de sementes coletadas na floresta primária adjacente. Das 18 espécies animais registradas, 10 delas apresentaram frequência similar nos dois ambientes, enquanto seis foram mais frequentes em floresta. Dentre essas, oito estão na lista de espécies ameaçadas de extinção e três delas foram exclusivamente registradas em floresta nativa: o macaco-aranha, o macaco barrigudo e a cutia. Outras duas espécies foram mais abundantes em ambiente florestal do que em agrofloresta: o veado e a cuxiú-de-nariz-branco.
“Não registramos nenhuma espécie na qual possamos afirmar usarem exclusivamente agrofloresta. No entanto, nos surpreendeu o fato da maioria das espécies estudadas terem sido registradas em floresta e agrofloresta com a mesma frequência, mesmo aquelas espécies exigentes em relação a integridade do habitat, ou seja conhecidas por ocuparem florestas pouco degradadas”, analisa Canale, doutor formado em ecologia pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
A presença maciça de espécies animais nos ambientes estudados sugere que a agrofloresta de Teca não supre todas as necessidades ecológicas destas espécies como alimentação e abrigo, mas pode favorecer algumas espécies ameaçadas, como o cuxiú-de-nariz-branco, que encontra nesse sistema um habitat de refúgio.
“Podemos inferir que o ambiente constituído por agrofloresta de Teca parece contribuir efetivamente para a manutenção de populações de espécies amazônicas, pois quando outras espécies usam a agrofloresta, deixam de competir por espaço e alimento com as demais”, afirma Canale. Entretanto, os pesquisadores alertam que os sistemas agroflorestais podem não ser habitáveis para algumas espécies ameaçadas estritamente florestais, que precisam de características estruturais no habitat que não são oferecidas pelo reflorestamento de teca e floresta nativa.
Das 50 espécies plantadas na parcela estudada dentro da Fazenda São Nicolau, apenas 10 se adaptaram e desenvolveram, entre elas a Teca, que é uma espécie exótica de origem asiática, que corresponde a cerca de 20% do total de árvores existentes no local.
Fonte: Cenário MT

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