O uso de animais como cobaias em pesquisas não é mais necessário na chamada era do genoma, afirma a presidente da Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa), Izabel Crsitina Nacimento. Segundo ela, é preciso que o Brasil, sobretudo, invista em métodos alternativos, como estudos in vitro e com células.
O Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, informou que vai dar início no próximo mês ao cadastro de todas as pesquisas que usam animais.
Em entrevista à Agência Brasil, Izabel afirmou que o uso de animais como cobaias é “paradoxal”, uma vez que os bichos são usados por serem organismos próximos ao ser humano, mas, ao mesmo tempo, são vistos como seres sem direito de escolha em relação ao sofrimento a que são submetidos durante os experimentos.
“Se eu quiser ser uma cobaia humana, tenho que assinar um compromisso, mas podem fazer estudos com o animal porque ele é inferior?”, questionou.
Izabel lembrou que a própria Lei de Crimes Ambientais prevê punição para o abusos e os maus-tratos a animais. Ela destacou ainda que a legislação brasileira só permite o uso de animais como cobaias quando não há possibilidade de outros métodos. “Mas os pesquisadores acham que são deuses”, criticou.
A Suipa considera antiquada a Lei Arouca, que traz as normas para o uso das cobaias em experimentos. Criado há pelo menos 20 anos, o texto foi sancionado apenas em 2008 e prevê que os animais podem ser usados como cobaias somente após o experimento em células. Em seguida, humanos estão liberados para participar dos testes.
“O animal tem sentimento, está mais do que comprovado. Eles sentem medo, angústia, tristeza, depressão”, afirmou. Izabel citou o exemplo do medicamento talidomida, responsável por deformações em fetos humanos mesmo depois de ter sido testado em cães e gatos.
“A experimentação científica está muito atrasada no Brasil”, completou. De acordo com a Suipa, países europeus, além do Canadá e dos Estados Unidos, conseguiram reduzir de forma considerável o uso de animais como cobaias.
Outro avanço, segundo Izabel, é que, nesses países, medicamentos e produtos feitos em laboratório informam no rótulo se foram testados em animais. “Lá eles dão a opção de não usar aquilo, mas o brasileiro não tem noção, falta cultura, conhecimento”, concluiu.