A ideia do estudo surgiu enquanto Piratelii viajava pelo interior de São Paulo e constatou que a maior parte da paisagem era composta por plantações e pastagens. “A mata nativa quase não existe mais, e com isso, muitas espécies desapareceram ou estão ameaçadas”, lamenta o orientador. O estudo apontou que, das 122 espécies amostradas, 60 foram detectadas nas plantações e nos fragmentos florestais (áreas com vegetação nativa), e as demais só nesses fragmentos.”Concluímos que a mata nativa é de suma importância para pelo menos metade das espécies da região, enquanto para a outra metade, as plantações podem ser utilizadas para deslocamentos, alimentação ou reprodução”, esclarece Piratelli.
A pesquisa também chama atenção para o novo Código Florestal, que prevê a redução de algumas áreas, que hoje são legalmente protegidas, como matas ciliares e topos de morros, para serem utilizadas para a Agropecuária. “Ficamos receosos que as mudanças nas áreas protegidas previstas no novo Código Florestal possam ser terríveis para as aves (e outros animais), que vão perder ambientes naturais. E aquelas que não conseguem sobreviver nas plantações tendem a se tornar raras ou até mesmo desaparecer”, prevê o professor.
O pesquisador Marcelo Gonçalves Campolim salienta que o Brasil ainda é carente de estudos que visam monitorar a fauna de aves em ambientes agrícolas. “As informações levantadas na pesquisa são importantes para futuros planejamentos, visando o manejo de técnicas e práticas agrícolas para o auxílio destes ambientes na conservação de aves”, conclui Campolim.
Fonte: Ecoagência