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DESINFORMAÇÃO CLIMÁTICA

Pesquisa: 40% dos brasileiros acham que combustível fóssil é energia limpa

Esta taxa é semelhante à dos Estados Unidos (39%) e à dos australianos (34%), mas é maior do que a percepção entre os alemães (25%) e britânicos (14%) e menor do que a da Índia, onde 57% da população acredita no mesmo

15 de novembro de 2022
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Pode acreditar, esta é São Paulo: com o tempo seco e temperatura na casa dos 25ºC  Imagem: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Uma pesquisa internacional em seis países tentou mensurar o estrago provocado pelas fake news sobre a percepção das pessoas sobre o meio ambiente. A principal descoberta sobre o Brasil é que quatro em cada dez brasileiros acreditam que os combustíveis fósseis, como gasolina e diesel, são energia limpa.

O estudo foi publicado hoje pela Climate Action Against Disinformation (Ação Contra Desinformação Climática, em tradução livre) por ocasião da COP27, a conferência sobre mudanças climáticas que acontece no Egito. O resultado da pesquisa foi entregue à Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática.

Como foi a pesquisa? Com margem de erro é de 2,9% para mais ou menos, a pesquisa —apoiada no Brasil pelo Observatório do Clima— foi realizada virtualmente entre 18 e 21 de outubro com brasileiros, australianos, indianos, alemães, britânicos e norte-americanos com mais de 18 anos.

Quais as conclusões sobre o Brasil? O principal achado para os brasileiros é que 40% da população acreditam que os combustíveis fósseis são uma fonte de energia limpa, embora cientistas do clima venham mostrando que a indústria fóssil é a principal responsável pela crise climática no mundo.

Esta taxa é semelhante à dos Estados Unidos (39%) e à dos australianos (34%), mas é maior do que a percepção entre os alemães (25%) e britânicos (14%) e menor do que a da Índia, onde 57% da população acredita no mesmo.

Parte dos brasileiros também afirma que nem os cientistas acreditam nas causas alegadas oficialmente para as mudanças climáticas. Outra parcela não acredita no aquecimento global ou que a produção de combustível fóssil pode causar problemas de saúde a quem mora perto de regiões produtoras.

Veja a opinião dos brasileiros sobre alguns temas:

  • 40% dos brasileiros acreditam que os combustíveis fósseis são energia limpa;
  • 44% acreditam que as mudanças climáticas não são causada pela atividade humana;
  • 29% acreditam que “um número significativo de cientistas discorda sobre as causas das mudanças climáticas”;
  • 24% acreditam que “os registros de temperatura global l não são confiáveis ou são manipulados”;
  • 15% não acreditam que a produção de combustível fóssil pode causar problemas médicos a quem vive perto dos locais de extração.
Imagem: Getty Images

Do Egito, onde participa da COP27, um dos coordenador do Observatório do Clima, Claudio Angelo, afirmou ao UOL que a desinformação climática já acontece no mundo desde os anos 1990.

“Em 1995 um relatório do IPCC fez o primeiro alerta”, diz. “A partir daí começa uma onda de desinformação bancada pela indústria de combustíveis fósseis, que incutiu na população a ideia de que existem dois lados, como a de cientistas céticos que precisam de espaço.

” Na verdade eles são negacionistas. Essa campanha retardou o combate à mudança do clima por quase 30 anos. O impacto da desinformação já é imenso. ” Claudio Angelo, do Observatório do Clima

Polarização política e mentiras

“Os resultados da pesquisa refletem como as crenças predominantes de desinformação climática estão em todo o mundo”, diz o estudo. “Há uma grande lacuna entre a percepção do público e da ciência em questões básicas, como a responsabilidade humana pela mudança climática.

” Essa lacuna de percepção prejudica as negociações para alcançar o objetivos do Acordo Climático de Paris.” Climate Action Against Disinformation

O mais recente relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) atribui as mentiras a “contra-movimentos organizados” que alimentam a “polarização, com implicações negativas para a política climática”.

“[A desinformação] alimenta a polarização e as divisões partidárias sobre as mudanças climáticas em muitos países, o que pode impedir ainda mais o desenvolvimento de uma nova e ambiciosa política climática”. Relatório do IPCC.

Imagem: Apu Gomes/Folhapress – 27.2.2014

O papel das redes sociais Como parte da desinformação é propagada nas redes sociais, o ONG mandou um recado “aos CEOs da Meta, Google, Twitter, TikTok e Reddit”:

“Defendemos a implementação de políticas sobre desinformação climática que se estendam ao conteúdo, algoritmos e publicidade, semelhantes às robustas políticas covid-19 que foram publicadas” durante a pandemia, escrevem.

Um relatório do Greenpeace americano divulgado este ano também indica que as redes falham no combate à desinformação sobre o clima.

O Twitter obteve a pior pontuação: 5 de um total de 27 pontos. Facebook e TikTok alcançaram 9 e 7 pontos, respectivamente, enquanto o Pinterest e o YouTube foram as duas plataformas mais bem avaliadas, com 14 pontos cada uma.

Como identificar desinformação climática? Mente sobre o clima quem cria e divulga conteúdos que negam a existência ou os impactos da mudança climática, bem como a influência humana sobre as mudanças no clima, explicou ao ECOA o diretor de Economia Verde do WWF-Brasil, Alexandre Prado.

Ele diz que essa prática contradiz o consenso científico amplamente estabelecido, deturpando dados científicos, por omissão ou supressão de evidências.

A desinformação climática é caracterizada principalmente pela disseminação de dúvidas e incertezas artificiais entre a população leiga, visando o descrédito da ciência e o bloqueio de medidas necessárias para combater as mudanças climáticas”. Alexandre Prado, diretor de Economia Verde do WWF-Brasil

Como o Brasil polui o mundo? Hoje, o Brasil tem no desmatamento e nas queimadas suas principais fontes de emissão de gases de efeito estufa, com as mudanças no uso da terra respondendo por quase metade (46%) das emissões brasileiras em 2020, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa, do Observatório do Clima.

Fonte: Uol

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