(da Redação)
Recentemente, um mergulhador conquistou espaço na mídia internacional após ter salvo uma tartaruga marinha e ter postado imagens em vídeo mostrando um comportamento de agradecimento por parte da tartaruga pelo seu gesto. No entanto, as notícias não analisam a atitude do mergulhador em seu contexto.
De acordo com o canal de notícias Lifestyle Cabarete, da República Dominicana, os dois mergulhadores Cameron Dietrich e Colin Sutton estavam pescando atum na costa do México no início deste ano quando Dietrich percebeu algo estranho. Uma tartaruga marinha havia ficado presa em uma linha de pesca. As informações são do Huffington Post.
Segundo a reportagem, “Dietrich imediatamente pulou na água para salvar a tartaruga, apressando-se em soltar os nós da linha que estava envolvendo a nadadeira esquerda”. Sutton acompanhou a cena e fez a filmagem.
A tartaruga nadou um pouco após ter sido libertada mas, para surpresa dos mergulhadores, fez um movimento como se voltasse para agradecer a Dietrich, que brincou com ela por uns momentos.
É uma pena que a dupla de mergulhadores talvez não tenha percebido que o fato da tartaruga ter ficado presa tenha sido consequência do ato da pesca. A reportagem não menciona, mas é provável que a linha na qual a tartaruga ficou presa tenha sido uma das linhas utilizadas por esses próprios mergulhadores.
Os canais de notícias que publicaram a matéria ressaltam a atitude “heróica” do mergulhador, porém este não fez nada além de sua obrigação, e não se deu conta de que salvou um animal mas estava ali para matar outros – o que certamente voltou a fazer assim que soltou a tartaruga. Vale atentar, ainda, que ficou nítido no vídeo publicado no YouTube a tentativa da dupla em fazer “propaganda” da câmera filmadora utilizada.
O tratamento à notícia deveria ter sido de repúdio à pesca, que mata milhões de animais além dos peixes, no que se convencionou chamar de “captura acidental”. Milhões de tartarugas, todos os dias e em todo o mundo, ficam presas em redes e linhas de pesca utilizadas por pessoas como essas, e morrem sem ajuda, pois não têm a sorte de serem libertadas por alguém que teve um momentâneo desejo de “aparecer”.