Por estes dias, li na imprensa sorocabana que estariam sendo abertas as inscrições para o “Festival de Pesca Esportiva” no Rio Sorocaba.
A matéria jornalística referia-se ao evento como uma ação de caráter ambiental. Que seus organizadores amassariam os anzóis para que estes não ferissem a boca dos peixes etc etc.
Desculpem-me os que pensam de forma diversa, mas tenho que dar minha opinião.
Não vejo neste tipo de atividade uma “ação ambiental”, de amor à natureza, aos animais…
Pelo contrário, acho estranho quem se compraz com o desespero de um animal lutando pela vida de forma desesperada. E mais. É óbvio que o anzol irá penetrar pela boca do peixe, ferindo-o. Se assim não for, como ele será fisgado?
Ferido e devolvido à água, quem garante que o ferimento não o leve à morte? Definitivamente, não vejo amor neste tipo de atividade e tão pouco ambientalismo.
Ação verdadeiramente ambiental seria, por exemplo, a de se promover uma atividade de plantio de vegetais pertencentes à mata ciliar para produzir alimentos para a fauna que vive no rio. Ou até mesmo ir jogar pão, ou quirera, como muita gente faz no lago do Paço municipal de Sorocaba, apenas para apreciar a beleza das tilápias, pacus e outros peixes que lá habitam.
É pertinente fazer uma analogia à ação ambiental realizada pelos grupos de observadores de aves. Estes, munidos de binóculos, máquinas fotográficas, livros e cadernos para anotações, embrenham-se silenciosamente nas matas com o objetivo de observar e pesquisar as aves, movidos pelo amor à beleza e ao mais profundo respeito a elas. Não considero válidos os argumentos daqueles que dizem amar os pássaros e os aprisionam em gaiolas para, de forma egoísta, observar sua beleza e ouvir seu canto.
Não acredito, como já ouvi dizer, que seja movida por amor aos cavalos ou aos touros a atitude de criá-los e dar o melhor tratamento possível, o mais caro e depois colocá-los em arenas de rodeios.
Sei que muita gente busca nesta ou em outras atividades uma ação de caráter socioambiental, mas é preciso se fazer uma profunda reflexão sobre o “selo verde” que se dá a certo tipo de atividade que se apresenta como “ambiental”.
É preciso encurtar o máximo possível a distância entre a intenção e o ato.